quarta-feira, 11 de abril de 2018

QUAL O CAMINHO , ISENTO, IMPARCIAL OU ISENTÃO ?


Isento, imparcial, isentão

"Colunista de jornal vive às voltas com a reação dos leitores. É o seu trabalho. Duro mesmo é quando não há reação. Não há dia em que colunista não seja atingido por alguma bala perdida. O termo que colunista mais lê e ouve é isenção. Um senhor me parou na rua. Não é a primeira vez que isso me acontece. Fiquei sobre a faixa de segurança, inseguro com a aproximação de carros que pareciam me ver como alvo. Um pouco mais e eu me veria como vítima de uma conspiração sobre rodas.
– Tenta ser isento uma vez na vida, cara. Tu consegues, vai.
– De que o senhor está falando?
– Não te faz, cara.
– Não estou me fazendo. É tanta coisa.
– Estou falando do teu preconceito contra o Bolsonaro.
Agradeci e tratei de me salvar. Atravessei com vida. Na outra margem, parei para consultar mensagens no celular. Não resisto. Quanto mais apressado estou, mais tempo perco tentando antecipar respostas. Um homem de barba branca me interpelou com a sutileza do Carlos Marun quando sai em defesa do seu amado e idolatrado presidente Michel:
– Para de fazer o jogo da direita, tchê. Seja isento!
– Achas isso mesmo? – ousei indagar.
– Sempre acha um jeito de ferrar o Lula para agradar os fascistas. Elogios aguados não nos enganam. Sabemos bem qual é o teu lado.
Acelerei o passo. Só teria uma boa resposta para essa acusação em uma semana. Sou lento. As minhas melhores respostas sempre chegam antes ou depois das críticas. Jamais coincidem com o instante em que sou alvejado. Avancei. O mar não estava para peixe de aquário. Dobrei uma esquina já bem mais reflexivo. Tudo me faz analisar a natureza humana. Uma senhora elegante, de grandes olhos negros, me interceptou:
– Hoje o senhor falou tudo o que penso. Parabéns pela isenção – disse.
Fiz-lhe um agradecimento cheio de imparcialidade. Consigo ser conciso e preciso quando elogiado com tanta isenção. Segui. Aí parei numa banca de jornais, algo que nunca faço. Um guri me lascou esta:
– Para de tentar ser isento. Isso não existe. Isenção é mito.
Disse-lhe que pensaria na sua aguda observação. Usei a palavra “aguda”. Juro. Foi a primeira vez. O guri sorriu altivo. O celular suspirou comovido ou encantado com a minha neutralidade. Um recado me chamou a atenção por estar todo em imponentes letras maiúsculas:
– SAI DE CIMA DO MURO, ISENTÃO!
É a mais terrível categoria de acusação do momento. Não ser isento é grave. Ser isentão é mais grave. Equivale a covardia. Fiquei ensimesmado. Um senhor com ar de advogado tratou de me consolar:
– Não dá bola. O importante não é ser isento, mas ser imparcial.
Respirei aliviado. Estava tudo mais claro. Arrisquei:
– Qual a diferença?
– Toda.
– Qual mesma?
– Não percebe?
– Não.
– Pelo jeito está te faltando objetividade.
Alguém tem mostrado objetividade em relação a alguma coisa?
Paulo Maluf, ancião de 86 anos, doente, com trombose e metástase, deve ficar em casa quando sair do hospital. Se a justiçar tarda e falha, não deve se tornar desumana para corrigir o rumo."

Esses  tempos  de hoje   estão  muito  complicados,  e  o  termo  da  moda  é: isento,imparcial,  ou  simplesmente isentão, temos  que ter  cuidado  com o  que  se  fala, porque  sempre   haverá  o  censor, aquele  ou  aquela  que   vai tentar  de uma  maneira   ou  de outra tentar frear  uma idéia, uma  palavra, uma frase  que  sai  de nossas  bocas.
Penso  que  o  que  falta  nesses  tempos  bicudos, é  o  respeito a diversidade  de idéias, o modo  de  ser, assim  ou  assado, preferências dessa  ou  daquela maneira.
Mas    sabemos  que  hoje  não  é  assim, talvez, seja   com o  advento, das  comunicações que  hoje  é de uma  instantaneidade que  dá   medo,  a  tecnologia está  aí, com  rapidez de uma bomba  atômica, uma  notícia  aqui,  em  segundos   está  no outro  lado  do mundo.
Qualquer   cidadão  que tem um pequeno  celular está  conectado,  com  o  mundo, ele   vê, um  fato  numa  rua,  um  assalto  por  exemplo, tira umas foto, faz  um  comentário, e as ondas  da  internet  se encarrega  do  resto.  essa  notícia,  essa  foto,  o  mundo  já  tomou esse  conhecimento.
Mas  o  foco  em si, que  coloco, é  que  está  faltando diálogo entre  as pessoas, enfim  conversar, bater-papo, e  respeito  mútuo e  cada  um  respeitar  aquilo  que o outro pensa, podemos  divergir, mas não  precisamos  irmos pra  briga, usarmos  a  violência para  que nossa  idéia  prevaleça  sobre a outra.
Sim, os  tempos  são  outros, vivemos  em  muitas situações  acuados  sem  nos  darmos  conta muitas vezes   desse  fato.
É   preciso, mais  conversa,  mais bate-papo,   verbalizarmos nossas  idéias, deixando  um  pouco  de  lado, o  inseparável celular de  todas as  horas, para olharmos o  nosso  interlocutor  nos olhos, e  fluir   um papo.
É   preciso  respeito  a  idéia  ou  conceito do  outro, sendo  assim, poderemos caminhar  para momentos  mais  amenos  e  termos um  convívio mais  humano.
Pensem  nisso   enquanto  eu  vos digo  até  amanhã.



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