terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

AQUELE HOMEM



"Sou aquele homem que não voltou,

que saiu de casa ao amanhecer

e se perdeu para sempre.



Sou aquele homem da fotografia na parede

da casa fechada por dentro.



Sou aquele homem que inventou a tarde,

mas não viu anoitecer.

Sou aquele homem que se perdeu sem saber.



Aquele que não soube nunca,

sou aquele que não soube.



Sou aquele homem que desapareceu,

aquele que acreditou,

e ao se ausentar de si mesmo

sentiu o vazio absoluto de todas as coisas.



Sou aquele homem que se foi

e quando pensou em voltar

não tinha mais tempo,

era tarde demais.



Sou aquele homem que se desfez

depois de enlouquecer

e enlouquecido

tentou refazer o seu destino.



Sou aquele homem que engoliu

um rio

e se afogou adormecido.



Aquele que falou sozinho

diante do espelho

se vendo do avesso.



Sou aquele homem que falava com as pedras

palavras desesperadas

que saltavam da boca

como gafanhotos doentes.



Aquele homem que conversava com os santos

numa igreja sem portas

e que dizia silêncios

em sílabas de gesso.



Sou aquele homem

que enfiou um punhal no coração

como um poeta romântico do século 18.



Sou aquele homem quase lírico

que chamava os pássaros

para uma ceia de sementes.



Aquele homem que rezava

com os anjos expulsos do céu,

sem saber que eu estava

expulso de mim.



Sou aquele homem que amou 30 mulheres

e matou-se por amor 29 vezes.



Sou aquele homem que ao jogar xadrez

fugiu com a Rainha

para um castelo medieval.



Aquele que diante de Deus

pediu para ser destruído,

mas como castigo deixou-me viver mais.



Sou aquele homem que amou

mulheres de porcelana,

com sexo de porcelana,

boca de porcelana,

beijo de porcelana,

língua de porcelana.



Sou aquele homem de porcelana
que se quebra como uma xícara

que cai da mesa.



Sou aquele homem que saiu para dar uma volta

e esqueceu de regressar."


ALVARO ALVES DE FARIA,  POETA

Pensem nisso   enquanto  eu  vos digo  até  amanhã.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A SEGUNDA ETAPA DO GOLPE


Dilma Rousseff fala sobre a segunda etapa do golpe


"Em entrevista ao Sul21, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) fala sobre as consequências do Golpe de 2016. “O Golpe não foi feito só para me tirar do governo, ele é feito para implantar no Brasil uma pauta completamente diferente da aprovada pelas eleições”, afirma.
Leia a entrevista completa aqui."

Pensem nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

A VIOLÊNCIA AMERICANA


Violência e cabeça de americano


" Como diz o ditado, de bumbum de bebê, de mente de juiz e de cabeça de americano sempre pode sair o inesperado. Os americanos inventaram  a tecnologia que agora rege o mundo, mas precisam usar um algoritmo para estabelecer uma correlação simples entre violência e liberdade total de acesso às armas. Um adolescente não compra cerveja, mas compra um rifle. Bacana.
Passo a passo:
1) Onde acontecem mais atentados de atiradores solitários em escolas? Nos Estados Unidos.
2) Onde qualquer um tem o acesso mais fácil a armas? Nos Estados Unidos.
A correlação é líquida e certa.
3) Qual o território livre de armas nos Estados Unidos? As escolas.
Conclusão de qualquer um: é preciso restringir o acesso às armas.
Conclusão de americano: é preciso armar os professores nas salas de aula.
Definitivamente os americanos não são deste mundo."

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

INTERVENSSÃO MATOU 200 MIL NO MÉXICO

Intervenssão matou 200 mil no México e tráfico segue vitorioso!

23 mil desapareceram e soldados se viciaram em cocaína

publicado 25/02/2018
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Protesto em memória dos 43 estudantes detidos pela Polícia Municipal e entregues a criminosos, como parte da "guerra ao tráfico", nos arredores da Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México, na Cidade do México (Crédito: Noticiero 90 minutos)
Conversa Afiada reproduz reportagem de Cecilia Ballesteros no El País:
"Quando o México acordou, os traficantes e o Exército nas ruas continuavam lá. Quase onze anos após Felipe Calderón decidir em seu décimo dia como presidente, em 10 de dezembro de 2006, enviar 6.500 soldados a sua Michoacán natal para sufocar a violência e a impunidade, o balanço da chamada “guerra contra o tráfico” não pode ser mais desalentador. Quase 200.000 mortos, 23.000 desaparecidos, numerosas denúncias por violações dos direitos humanos, casos emblemáticos como os 43 estudantes de Ayotzinapa desaparecidos há quatro anos, o mês de janeiro de 2018 mais violento desde 1991 com mais de 2.000 mortos e cartéis da droga cada vez mais fragmentados e incontroláveis que todos os dias mancham de sangue a geografia mexicana.
A controversa decisão de Calderón, um dos presidentes mais impopulares a sentar-se na cadeira da águia, e na qual muitos viram uma tentativa de se legitimar no poder após uma eleição apertada que venceu por poucos votos, foi como uma pedrada em uma colmeia cujas picadas mortais chegaram a toda a sociedade mexicana. Durante dois meses, quase 20.000 soldados foram recebidos como heróis por uma população cansada de violência e de massacres desde 2005 e de forças de segurança corruptas. O sonho logo acabou: abusos dos militares, que aumentaram em 600% entre 2003 e 2013 de acordo com organizações como a Anistia Internacional, falta de preparação e de um marco legal, efetivos reduzidos para territórios grandes, população rural desalojada e erupção dos chamados grupos de autodefesa em Guerrero, Oaxaca e Michoacán, no sul do país, na realidade, pessoas dispostas a fazer justiça com suas próprias mãos, muitas vezes cumprindo ordens dos traficantes.
O veneno contaminou os seis anos de mandato de Enrique Peña Nieto, do PRI, que ao assumir prometeu mudar essa estratégia, fracassada segundo todos os parâmetros, mas cuja recente e polêmica Lei de Segurança, agora na Suprema Corte de Justiça, questionada por várias ONGs, apesar de pretender dar um respaldo jurídico à ação do militares, causou um profundo mal-estar no interior das Forças Armadas que são enviadas para lutar uma guerra assimétrica para a qual não estão preparadas. Os diferentes candidatos às eleições presidenciais de 1 de julho ainda não se pronunciaram sobre o assunto por imperativo legal, mas o favorito, Andrés Manuel López Obrador, do Movimento de Regenerarão Nacional (MORENA) insinuou uma anistia aos chefes do narcotráfico que causou incômodo.
A insegurança se transformou em uma obsessão aos mexicanos que veem como, apesar da mobilização de mais de 50.000 soldados em suas cidades, a violência continua e penetra em antigos santuários de tranquilidade como a Cidade do México e as regiões turísticas de Cancún e Los Cabos onde já é comum ver tanques e turistas. O Governo de Peña Nieto se orgulha de ter prendido 101 dos 122 chefes mais procurados, entre eles, ano passado, o famoso Joaquín El Chapo Guzmán, chefe do poderoso Cartel de Sinaloa, agora preso nos Estados Unidos após várias fugas e recapturas. “Missão cumprida”, publicou à época o presidente em sua conta no Twitter. Mas como aconteceu com George W. Bush no Iraque, os números e a realidade desmentem o presidente.
De fato, muitos ‘think thanks” classificam o México como um dos países mais mortíferos do mundo, também para a imprensa (12 jornalistas mortos somente em 2017, números comparáveis aos da Síria), ao que é preciso acrescentar 63.000 mortos em seus três primeiros anos de mandato (50% a mais do que no mesmo período de Calderón). Enquanto isso, a droga continua fluindo livremente aos Estados Unidos e a estratégia seguida pelo Gabinete de Peña de atacar os cartéis e fragmentá-los, mais do que enfraquecê-los, voltou a agitar a colmeia, com grupos cada vez mais autônomos e, portanto, menos manejáveis e previsíveis. Essa é a razão pela qual muitos no México acreditam que a melhor guerra contra as drogas é fazer as pazes com os chefes do tráfico e deixar seu lucrativo negócio como está, como acontecia nos tempos do velho PRI. Porque, uma vez que você coloca o Exército nas ruas, quem o devolve aos quartéis?"

Em tempo: sobre a Intervenção Tabajara, aqui também chamada de Intervenssão, consulte o ABC do C Af...

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até amanhã.

A FAÇANHA MALDITA DE TEMER 96% DE DESOCUPADOS

Rio: Temer aumentou número de desocupados em 96%

Janio: só acordo de Alckmin com PCC explica a paz de cemitério...

publicado 25/02/2018
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Conversa Afiada reproduz da Fel-lha a coluna de Janio de Freitas:

É só acaso o agravamento simultâneo do desemprego e da criminalidade?


A delinquência que faz o pânico e o clamor da população não é a mesma vista como "o problema da criminalidade" pelas áreas específicas dos governos, entre os militares e no alto Judiciário. Tantas vezes fatais, o assalto aos celulares, relógios, bolsas e joias; o ataque armado para tomar o carro ou a moto, os arrastões, os roubos a lojas e seus clientes, tudo em números alarmantes, criam o medo de sair à rua e a insegurança em casa.
Esses crimes de varejo, que não têm lugar nem hora para acometer, hoje são um sistema próprio. Como um costume, tamanha é sua difusão. Não se confundem com o narcotráfico das concepções oficiais.
O comércio de drogas está de tal modo estabelecido, que proporcionou a ramificação da criminalidade urbana. O roubo de carros e motos para negócio, não para ações imediatas, hoje abastece um comércio de grande atividade, tanto de carros usados como de peças. O roubo de cargas, que nos Estados de São Paulo e Rio ultrapassa 10 mil casos anuais em cada um, tornou-se vital para muitas lojas do comércio regular. Assim também com remédios, verdadeiros e falsos, eletrônicos e outras cargas roubadas.
O novo mundo da criminalidade está além da imaginação. Todo ele incluindo mortes, domínio de territórios e dominação de populações. Quando as organizações iniciais tiveram dinheiro para a compra de contrabando, a entrada fácil de armas de guerra, modernas, mudou o grau da ação delinquente.
O sinal claro da mudança foi dado em São Paulo, com a capital lançada na instabilidade pânica pelo então desconhecido PCC. Sobre o episódio, o pré-candidato a presidente Ciro Gomes disse, no recente fórum da Folha, tudo indicar um "acordo [do PCC] com autoridades locais há mais de uma década". Comentário que o governador Alckmin acusou de "descabido".
Não foi, não. Só acordo faria o PCC, com domínio da situação, adotar repentina parada da ação, e logo ver seus chefes, sendo já presidiários, poupados de qualquer represália governamental ou judicial. Para as várias organizações hoje existentes, e não só para os precursores Comando Vermelho e PCC, desde então as penitenciárias são postos de comando. Facilitados por corrupção e por ameaça a guardas e suas famílias. Método que substituirá um carcereiro ameaçado, como quer a intervenção no Rio, por outro ameaçado. 
Foram sobretudo as ramificações paralelas ao tráfico, porém, que elevaram tanto a insegurança da população nos últimos anos. A propósito, uma frase de artigo da economista Laura Carvalho (Folha, 1º.fev.):
"O número de desocupados cresceu de 6,7 milhões de pessoas entre o fim de 2014 e o fim de 2017 [ano integral de Michel Temer], o que representa um crescimento acumulado de 96,2%."
Só acaso no agravamento simultâneo do desemprego e da criminalidade urbana? Por certo não há uma só causa para a criminalidade, ou para seu aumento. Mas se pretende vencê-la quando não há sequer a compreensão dos fatores que produzem criminosos em massa. 
De um fator, no entanto, não se precisa duvidar: parte dos delinquentes tem na delinquência o único meio de se dar subsistência. Comprar comida, para essa coisa tão simples: comer. Esses, expulsos das favelas e das ruas, vão fazer o mesmo em outro lugar, pelo mesmo motivo. Podem também comemorar a queda da inflação e a alta da Bolsa, que são as metas estabelecidas para o seu país.
(...)"
Pensem nisso  enquanto  eu vos digo  até  amanhã.

O JORNAL DO BRASIL CHEGOU E ESGOTOU, SEJAS BEM VINDO !

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...