quarta-feira, 27 de agosto de 2014

PRETEOU O OLHO DA GATEADA PT

                                                                               As  duas últimas  pesquisas eleitorais  que  chegaram ao
cidadão  através dos portais de  nossas  mídias  mostra uma  modificação  significativa  e  muito  provável
definitiva  no  quadro sucessório  presidencial.
                                                                               Ainda  faltam   mais de  trinta  dias   para  o  pleito   de
Outubro  mas  já  se  escaramuça uma  vitória  do PSB  diante  dos números  de pesquisas  eleitorais  que
chegam até o  cidadão  brasileiro.
                                                                              Do  blog de Arnóbio Rocha,ele  faz  um  análise  político
sobre o  quadro  atual e  o caminho  do  PT,  é  necessário  uma leitura  cuidadosa  para termos exatamente
o  resultado  daquilo  que  está  ocorrendo nessa  ciranda  política  e  plenamente  eu  assino  embaixo  e por
isso  trago  essa  análise maduro do blogueiro  para todos  vocês,  eis  o que diz Arnóbio:

A Onda Conservadora Ameaça o Vacilante PT.

As manifestações de junho e o neoconservadorismo eleitoral (Foto: Pablo Vergara)
As manifestações de junho e o neoconservadorismo eleitoral (Foto: Pablo Vergara)
As famosas manifestações da Primavera Árabe, com auge no Egito, rapidamente se estenderam à Europa e chegaram ao Brasil.  Para mim ficou claro que todos estes movimentos que questionam o sistema estabelecido, mas não propõem alternativa de poder ou de governo acabam em imensa frustração e despolitização, alimentado a direita, que galvaniza a revolta para seus interesses. Assim se deu na Espanha, depois na Ucrânia com os neofascistas  no poder.
Pouco ou nada adianta ficar dizendo quem intuiu primeiro de que as “Xornada dos xofens”, de junho de 2013, iria nos levar ao abismo agora em 2014. O momento é de Ação e Política, pois vivemos uma guinada conservadora e reacionária, os ventos de 1989, da queda do muro de Berlim, que nos desarmaram politicamente, não cessaram. Pouco trabalho político de combate ao conservadorismo foi feito nos 12 anos de governo do PT.
Além dos erros históricos de nos tornar iguais aos que lutamos contra, aceitando o sistema corrupto e suas regras, sem contestação. O vaivém eleitoral, as manobras, os caixas dois eleitorais, o baixo jogo do parlamento, o rebaixamento programático e os acordos em nome da governabilidade. Por melhores que tenham sido as intenções, alguns grandes avanços sociais conquistados, mas politicamente retrocedemos, nos tornamos comuns e mal vistos.
Parece óbvio que não seríamos trocados pelo PSDB, mas uma alternativa “limpa”, saída de nosso convívio, mesmo que mais conservadora, pode nos derrotar, é fato. A questão é se teremos tempo e capacidade para desmontar a bomba, de demonstrar o quanto é até mais retrógrado o voto em Marina. E também se o PT quer efetivamente romper com a inércia, voltar ao combate político e ideológico. Em política não há vácuo, é a lição clara.
A direção política do PT envelheceu de forma assustadora, o diálogo com esta nova geração que surge é truncado, poucos compreendem as razões políticas e ideológicas ou as opções de luta e vida que os velhos quadros tiveram, alguns preferem reduzir as questões a um moralismo tolo, muito próximo do que sai nos jornais e revistas vinculados ao grande Kapital. O embate é bem mais complexo
Há aqueles que foram construir pequenos partidos, radicalizados na forma, mas conservadores no conteúdo. Pouco ou nada de novo, diferente, se conseguiu de alternativo fora da experiência do PT, esta é a realidade. Por fim, surgem os liquidacionistas internos, que enxergam, em toda crise, a necessidade de “refundações”, velha e única tática das lições da esquerda europeia, que levou ao fim os grandes partidos de esquerda na Europa, hoje não passando de aglomerados ou “movimentos”.
O crescimento de Marina, uma tendência forte de vencer as eleições não é mero acaso ou fruto de uma comoção com a morte de Eduardo Campos. Na verdade é um movimento que vem se acumulando, uma insatisfação, justa ou não, que foi sendo trabalhado diuturnamente em todas as mídias, nas tradicionais, que jamais aceitaram um governo do PT, mas em especial nas redes sociais, o paciente trabalho de alimentar ódios, versões enviesadas, e óbvio que explorar erros e contradições cometidas pelo PT.
A plataforma desta opção Marina, em particular, é bem escondida, apenas a imagem de pessoa que não é do sistema, quase um ícone, guru de um novo tempo é explorada. Por trás dela existe um projeto obscuro, extremamente conservador, preparada por velhas raposas, pouco conhecidas do grande público, menos ainda pelos mais jovens, que não viveram os anos de Collor ou FHC. A grande mídia não fará nenhum esforço para desmitificar Marina, de como governaria sem partido, sem base parlamentar. Nem a mídia alternativa parece ter força ou vontade para fazê-lo.
As coisas não aconteceram por acaso ou ao acaso, elas foram sendo construídas, com nossa ação ou falta dela. Teremos como reverter o quadro atual, a tendência que se apresenta?
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até amanhã.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O AVIÃO DE QUEM É?

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O DESRESPEITO DE BONNER AO PÚBLICO

UM MORTO COMO CABO ELEITORAL DE MARINA SILVA

O brilhante  Jânio  de  Freitas,  um dos poucos  jornalistas  que  podemos    chamar  de  jornalista  por  definição   coloca    muito  bem  as  várias  firulas  que   se
 passou até o  momento  com  o passamento  de  Eduardo  Campos  quando  caiu  o  avião  vitimando as
sete  pessoas  a bordo.
                                                                     Marina,  sem pensar  acredito,  criticou  setores  de  outros
partidos  que  usam a morte  de Eduardo  Campos   pra proveito  político  mas  a  nobre  candidata  e
agora  eu  digo  está redondamente   enganada, quem  está tentando  tirar proveito  sem escrúpulos de  uma
situação  de luto  familiar  e político  do  PSB   é   sim   a senhora Marina Silva.
                                                                   Acredito  eu  que   tem pessoas    que para atingir    o poder
não  medem   as consequências  de seus  atos, se formos  lembrar,    e  não  tem  como   não lembrar  é
só  vermos  as  imagens  das fotos,  que toda mídia   postou  em seus  veículos que veremos  uma Marina
sorrindo, tirando  fotos, fazendo  ali  naquele ,  uma propaganda política  na maior cara de pau.
                                                                  Outrossim, é bom lembrar  que   essas  considerações  são
apenas um  mero  adendo  as palavras do  nobre  jornalista  que escreve  na Folha de  São Paulo,  sim a
candidata Marina  poderá  sim  ser a  presidenta  do  Brasil,  tem essa  possibilidade,  pois ela  concorre  e
em política tudo  pode acontecer  mas quem  coloca  ou tira do poder é  o  povo com sua  total  autonomia.
                                                                Para finalizar e já finalizando sempre  acreditei  e continuo  sim
a acreditar  que o  respeito ,  e  a solidariedade em qualquer  situação deve imperar  nas ações  de qualquer
ser  humano,  que seja  um político  ou não um  balizamento para  as suas ações.
                                                              Pensem  nisso, enquanto  eu vos digo até amanhã.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A HIPOCRISIA DO SENHOR FAUSTÃO

Criança Esperança: Hipocrisia de Faustão

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Faustão é um fanfarrão. Com todo o respeito.

No último domingo, ele fez a propaganda de uma das ações mais cínicas da Globo, o Criança Esperança, o triunfo do filantropismo farisaico e oportunista.

Já escrevi uma vez e repito: muito melhor que fazer coisas como o Criança Esperança é a Globo, simplesmente, pagar os impostos que sonega.

Faustão promoveu o Criança Esperança com argumentos tão nocivos quanto o próprio programa.

“Você que paga imposto e sabe onde esse dinheiro vai parar, aqui é diferente”, disse ele. “É tudo transparente.”

Ele estava afirmando que político é tudo ladrão, ou pelo menos os deste governo.

É uma pregação que faz um enorme mal ao Brasil. Gera descrédito no país e golpeia a auto-estima dos brasileiros.

Em sua falação desenfreada, Fausto Silva mostrou - ou fingiu - ignorar os bilionários pecados de sua empresa no capítulo do pagamento dos impostos devidos.

Ou foi má fé cínica ou miopia córnea, para usar a célebre expressão de Eça.

O mais patético é que Fausto Silva, como um pastor evangélico, se dirige aos brasileiros mais simples e mais vulneráveis à manipulação que lhes tira dinheiro do bolso.

O Criança Esperança é uma beleza - para a Globo. Ela se faz de generosa, não paga cachê aos artistas que participam e ainda arrecada dinheiro com a publicidade que vende no programa.

A beneficência é apenas dos telespectadores que doam seus parcos recursos.

O Brasil será um país melhor quando a Globo simplesmente pagar os impostos que deveria pagar.

O resto, a começar pelo Criança Esperança, é blablablá hipócrita.

OS QUE SE ACHAM

Uma explicação para a postura imperial de William Bonner


Dilma_JN03
Luiz Carlos Azenha em seu Viomundo
Trata-se de um simulacro de jornalismo, que nem original é. Nos Estados Unidos, muitos âncoras se promoveram com agressividade em suposta defesa do “interesse público”. Eu friso o “suposta”. Lembro-me de um, da CNN, que fez fama atacando a “invasão do país por imigrantes ilegais”. Hoje muitos âncoras do jornalismo policial fazem o mesmo estilo, como se representassem a sociedade contra o crime.
William Bonner está assumindo o papel de garoto-propaganda da criminalização da política. Ao criminalizar a política, fazendo dela algo sujo e com o qual não devemos lidar, ganham as grandes corporações midiáticas. Quanto mais fracas forem as instituições, mais fortes ficam as empresas jornalísticas para extrair concessões de todo tipo – do Executivo, do Legislativo, do Judiciário.
A postura supostamente independente de Bonner, igualmente agressivo com todos os candidatos, faz parecer que as Organizações Globo pairam sobre a política, que nunca apoiaram a ditadura militar, nem tentaram “ganhar” eleições no grito. Que os irmãos Marinho não fazem política diuturnamente, com lobistas em Brasília. Que os irmãos Marinho não tem lado, não fazem escolhas e nem defendem com unhas e dentes, se preciso atropelando as leis, os seus interesses. Como em “multa de R$600 milhões” por sonegar impostos na compra dos direitos de televisão das Copas de 2002 e 2006 (leia aquiaqui aqui).
A agressividade de Bonner também ajuda a mascarar onde se dá a verdadeira manipulação da emissora, nos dias de hoje: na pauta e no direcionamento dos recursos de investigação de que a Globo dispõe. Exemplo: hoje mesmo, no Bom Dia Brasil, uma dona-de-casa do interior de São Paulo explicava como está fazendo para economizar água.
A emissora não teve a curiosidade de explicar que a seca que afeta milhões no Estado não é apenas um problema climático, resulta também de falta de investimentos do governo de Geraldo Alckmin, que beneficiou acionistas da Sabesp quando deveria ter investido o dinheiro no aumento da capacidade de captação de água. Uma pauta complicada, não é mesmo?
A não ser que eu esteja enganado, a Globo não deslocou um repórter sequer para visitar o aeroporto de Montezuma, que Aécio Neves mandou reformar quando governador de Minas Gerais perto das terras de sua própria família. Vai ver que faltou dinheiro.
Tanto Alckmin quanto Aécio são tucanos. Na entrevista com Dilma, Bonner listou uma série de escândalos. Não falou, obviamente, de escândalos relacionados à iniciativa privada, nem em outras esferas de governo. Dilma poderia muito bem tê-lo lembrado disso, deixando claro que a corrupção é uma praga generalizada, inclusive na esfera privada, envolvendo entre outras coisas sonegação gigantesca de impostos. Mas aí já seria coisa para o Leonel Brizola.

No  tocante  ao   colocado  acima, e também   concatenado  com exemplos   de  nossa  realidade
penso que   esse  ar  de  poderio  imenso  e interminável   que alguns  globistas  exibem  me dão
a imprensão, que eles  se acham  acima  do  bem e do mau  e que  do outro lado  da tv   em todos  os cantos do Brasil  que estão  vendo,  olhando, analisando   posturas procedimentos  de
jornalistas  que atuam  nos seus  meios de  comunicação,  existem  brasileiros atentos  vendo  o
que  um jornalismo, o que  a imprensa  pode fazer com  suas  ações.

Pensem nisso,  enquanto eu  vos digo até amanhã.



A PARCIALIDADE DA GLOBO

Dilma desmascara histeria do JN

Por Dayane Santos, no site Vermelho:

Antes de produzir este texto para falar do tribunal de inquisição montado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (18) em Brasília, durante entrevista com a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, revimos as entrevistas com os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Não que já não tivéssemos percebido a diferença grosseira com as entrevistas anteriores, mas para apontar de forma quantitativa essa diferença.

Na entrevista do tucano Aécio Neves foram feitas apenas quatro interrupções. O tucano respondeu a maior parte das perguntas sem que Willian Bonner ou Patrícia Poeta fizessem qualquer indagação ou questionamento no meio do seu raciocínio. Na entrevista com Eduardo Campos foram sete interrupções, principalmente quando o assunto foi a aliança com a ex-senadora Marina Silva.

Já na entrevista com Dilma foram pelo menos 25 interrupções, sendo que cinco foram feitas em uma única tentativa de resposta no início da entrevista.

Desde a primeira entrevista, o tom das perguntas já revelava como seriam os questionamentos à candidata Dilma, mas a bancada do Jornal Nacional – com caretas, dedo em riste e outras tantas demonstrações de grosserias e desrespeito – não conseguiu manter a máscara de jornalismo imparcial que tanto papagueiam.

Jornalismo de fachada

As perguntas longas de Bonner, vistas também nas entrevistas anteriores, pareciam desta vez mais discursos do que perguntas. Como a presidente não respondia como ele queria, interrompia de modo grosseiro e com insinuações.

O papel do jornalista é questionar, indagar, pressionar. Mas é preciso, principalmente numa entrevista, deixar o entrevistado falar. A partir das suas declarações fazer os apontamentos necessários e os questionamentos que assim julgar pertinentes. Não foi o que vimos na entrevista com Dilma, que parecia mais um tribunal de exceção do que um programa jornalístico.

A serenidade, a firmeza e a tranquilidade da presidenta Dilma, mesmo diante de tal histeria, incomodaram os apresentadores do JN, principalmente Bonner, que fez a maior parte das interrupções. O inconformismo era evidente porque Dilma não respondia o que eles queriam ouvir e sim apontava ponto a ponto as conquistas e avanços do seu governo e de Lula.

Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, definiu bem o comportamento da presidenta. “Se Dilma não cedeu nem à tortura física da ditadura, não seriam um mauricinho e uma patricinha de quinta que iriam dobrá-la”, afirmou Guimarães, que apontou que os apresentadores gastaram um terço dos 15 minutos que durou a entrevista, sem contar com o tempo das interrupções.

Combate à corrupção

A primeira “pergunta”, se é que podemos chamar assim, tratou sobre corrupção citando ministérios e até o caso recente da Petrobras em que Bonner, num tom arrogante, questiona qual é a dificuldade da presidente de se cercar de pessoas honestas. Dilma não se intimidou. “Fomos o governo que mais estruturou o combate à corrupção e aos malfeitos. Nenhum procurador-geral da República foi chamado no meu governo de ‘engavetador’ geral da República”, acrescentou, numa indireta referência a Geraldo Brindeiro, do governo tucano de FHC.

Bonner, inconformado, insistiu no tema tentando induzir a presidenta falar sobre o caso da Ação Penal 470. Dilma advertiu Bonner enfatizando que apesar ser candidata à reeleição ainda era a presidenta. “Enquanto eu for presidenta da República, não externarei opinião pessoal sobre decisões do Supremo Tribunal Federal. Eu tenho a minha opinião, mas não vou externá-la”, disse.

Bonner não se conteve. “Mas o que a senhora diz sobre a postura do seu partido? A senhora não diz nada?” E Dilma, novamente firme, respondeu: “Olha, Bonner, eu não vou entrar nisso de me manifestar contra a decisão de um poder constitucional. Isso é muito delicado, merece o meu maior respeito”.

Saúde e Mais Médicos

Diante do descontrole de Bonner, Patrícia, que até então estava calada, resolveu intervir e mudar de assunto dizendo que na área da saúde “nada foi feito” nos governo Dilma e Lula. Dilma, mais uma vez, respondeu educadamente e apontou as medidas do governo na área. “Olha, Patrícia, nós tivemos, e ainda temos muitos problemas a enfrentar e desafios a enfrentar na saúde. Eu acredito que nós enfrentamos um dos mais graves que há na saúde. Porque na saúde você precisa de ter médicos. Pode ter tudo, se não tiver médicos, não tem atendimento à saúde. Nós tivemos uma atitude muito corajosa. O Brasil tem uma das menores taxas de médicos por mil habitantes, 1,8. E isso levou a uma carência imensa de médicos da atenção básica – são os postos de saúde. (...) chamamos médicos cubanos, através da OPS, e aí conseguimos chegar a 14.462 médicos, que, pelos dados da OMS, correspondem a uma capacidade de atendimento de 50 milhões de brasileiros”, rebateu a presidenta.

Visivelmente desesperado, não conseguindo se conter na poltrona, Bonner fez mais uma vez o discurso de terror de quase dois minutos sobre a economia brasileira e a presidenta calmamente respondeu: “A inflação cai desde abril, Bonner, agora mesmo saiu um dado oficial mostrando que houve zero por cento de aumento de preços em julho. Por outro lado, todos os dados antecedentes ao segundo semestre, aqueles que anunciam o que vai acontecer na economia, mostram que haverá crescimento [do PIB] em relação ao primeiro semestre”.

Insatisfeito com a resposta, mas espremido pelo tempo estabelecido de 15 minutos, Bonner teve que ceder um minuto para as considerações finais da presidenta, mas não se conteve e a interrompeu por mais duas vezes, coisa que não havia feito nas entrevistas anteriores, já que se trata do momento em que o candidato fala diretamente ao eleitor.

Educadamente Dilma finalizou: “Obrigado, Bonner, eu quero dizer que acredito no Brasil. Eu compreendo, vou suspender a minha fala”, encerrou Dilma, com classe, diante dos entrevistadores que se mostraram em pleno ataque de nervos.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

DILMA NÃO SE INTIMIDOU À GLOBO

A MENSAGEM DO JN: “ELES NÃO GOSTAM DELA”



Com manhas de pau-de-arara, Dilma escancarou a parcialidade da Globo e o amadorismo de Bonner

Por Ricardo Amaral


A entrevista com a presidenta Dilma Rousseff expôs, com rara contundência, a parcialidade da Globo na cobertura do governo e do PT. Utilizando manhas de quem passou pelo pau-de-arara, Dilma pôs abaixo a tentativa da Globo de parecer “isenta” nesse capítulo das eleições. Isso não é banal, no momento em que a credibilidade da imprensa hegemônica segue abalada pelo fiasco histórico da “operação Copa”.

A credibilidade do jornalismo da Globo saiu mais uma vez arranhada pelos esgares de William Bonner e Patrícia Poeta. As expressões de contrariedade, os dedos em riste e as interrupções grosseiras falaram mais ao telespectador do que o conteúdo de perguntas e respostas. Por algum tempo, tudo que se disser no JN contra Dilma será recebido com suspeita, porque a mensagem mais forte do programa foi: eles não gostam dela. 

Dos 16 minutos cronometrados, Dilma falou 10 minutos e meio; Bonner, 4 e meio, e Patrícia quase 1 minuto. Dá 65% para ela e 35% para eles. Dilma pronunciou 1.383 palavras, contra 980 da dupla (766 só do Bonner), o que dá 60% x 40%. Isso é escore de debate, não de entrevista. A dupla encaixou 26 acusações ao governo e ao PT; algumas, com ponto de exclamação.

Nos quatro blocos temáticos (corrupção, mensalão, saúde e economia) Bonner lançou no ar 13 pontos de interrogação, e Patrícia, dois. A presidenta foi interrompida 19 vezes. Tomou dedo na cara de Bonner e de Patrícia, que reclamou de uma resposta com um soquinho na mesa. Isso não é comportamento de jornalista. Na entrevista com Aécio Neves – que muitos acharam “dura”, embora tenha sido apenas previsível – a dupla fez quatro interrupções e cinco reiterações de perguntas.

Aprendi ainda foca que o segredo de uma entrevista ao vivo é dominar o assunto e buscar a pergunta seguinte na resposta do entrevistado. É uma arte difícil. Patrícia Poeta nunca soube fazer. Bonner acha que sabe – e que sabe muito. Por isso saiu-se ainda pior que a colega. Basta discordar do enunciado para desnorteá-los. Não sabem do que estão falando; seguem o roteiro e fazem cara de argúcia (com Dilma, usavam ponto eletrônico!). 

Maus entrevistadores são incapazes de ouvir respostas e dialogar com o argumento do entrevistado. Não é só amadorismo; é presunção. Globais se consideram mais importantes que os candidatos. Acham-se a própria notícia. Diante da contradita, repetem a pergunta até se perderem. No limite, apelam para a fórmula binária: “eu digo isso; sim ou não?” Eduardo Campos saiu-se muito bem dessa briga com bêbados. Aécio tropeçou e caiu. 

Para a Globo, pouco importa expor os editores chefe e assistente do JN a mais um vexame profissional. A Globo não quer ouvir respostas; quer repetir (e tentar sancionar) o próprio discurso. Bonner deve ter ensaiado em casa o que considerava seu momento de glória: chamar de corruptos os petistas do mensalão (“Eram corruptos!”), na cara da presidenta da República. Que audácia, hein, patrão…

Na primeira pergunta (69 segundos), a palavra corrupção  foi repetida sete vezes; e estamos conversados. Depois de 12 anos (“mais de uma década, candidata!”) há “filas e filas nos hospitais”, cidadãos “muitas vezes são atendidos em macas”, “muitas vezes não conseguem fazer um exame de diagnóstico”. O país tem “inflação alta, indústrias com estoques elevados, ameaça de desemprego ali na frente”. 

Repetir os mantras do noticiário negativo – sem de fato abrir a discussão sobre eles – era o primeiro dever de casa. O segundo era desconcertar a entrevistada, e foi aí que a bomba explodiu no colo dos entrevistadores. Dilma não abriu mão de responder as perguntas, retomando o fio da meada a cada interrupção. Advertida, fez-se de sonsa e continuou respondendo o que quis.

O jogo foi chato na maior parte do tempo, mas Dilma não entregou a posse de bola, não cedeu o controle da entrevista. E foram eles, William e Patrícia, que ficaram visivelmente desconcertados, a ponto de perder o respeito pela entrevistada – que o merecia, mesmo que não fosse presidenta da República.

Dilma não disse aos interrogadores o que eles queriam que ela dissesse, exceto ao concordar com Patrícia Poeta que “a saúde no país não é minimamente razoável”. Um pontinho vencido, foi tudo que conseguiram arrancar da interrogada. Por isso, o destaque nos sites da Globo foi o previsível silêncio de Dilma sobre o julgamento do mensalão – outra evidência de que eles consideram suas perguntas mais importantes do que as respostas da presidenta da República.

Qualquer analista dirá que a presidenta desperdiçou a oportunidade de ter sido mais assertiva da propaganda de seu governo. Quinze minutos no JN são uma grande chance de falar para milhões de eleitores, mas Dilma preferiu debater com Patrícia Poeta e William Bonner. 

Ela passou informações relevantes: a inflação de julho ficou próxima de zero; o Mais Médicos atende 50 milhões de pessoas; o SAMU atende 149 milhões. Disse que o país enfrenta a crise sem demitir, sem arrochar salários e até diminuindo impostos. Podia ter dito muito mais, mas a disputa foi mais concentrada na forma que no conteúdo. E foi aí que Dilma venceu.

Dilma sorriu na medida certa e manteve-se serena durante todo o programa. Impôs-se um comportamento de presidenta da República, que contrastou, aos olhos dos telespectadores, com a atitude desrespeitosa e antiprofissional dos entrevistadores.  Mesmo restrita a um cerimonial televisivo, foi uma sinalização relevante para uma imprensa cada vez mais assanhada no papel de oposição: digam o que quiserem, mas respeitem a presidenta eleita de todos os brasileiros.

Pensem  nisso,  enquanto  eu  vos  digo até amanhã.

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