sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O SILÊNCIO DA MÍDIA CUSTA QUANTO?

Quanto custa o silêncio da mídia?

"A explicação para essa impressionante blindagem por terra, mar e ar do Prefeito Marchezan Júnior pode estar no dinheiro. Ou melhor, na extraordinária capacidade que o dinheiro tem de comprar silêncio da mídia", diz o colunista Jeferson Miola a respeito do silêncio da imprensa sobre a representação contra o prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Júnior (PSDB)
Marchezan Júnior
Marchezan Júnior (Foto: Divulgação/PSDB)
 
"No último dia 29 de janeiro, reconhecidos juristas associados à AJURD [Associação de Juristas pela Democracia] representaram no Ministério Público do Rio Grande do Sul contra o Prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior/PSDB, por crime de responsabilidade [resumo aqui].

A iniciativa tem embasamentos que são inteligíveis para qualquer leigo:
  1. o Prefeito promoveu espalhafatosa campanha publicitária com recursos públicos nos jornais do sudeste do país, como Valor EconômicoO Estado de São Paulo e Folha de São Paulo – além, naturalmente, de farta publicidade nos órgãos locais e regionais de comunicação. Foram empenhados R$ 34,9 milhões do orçamento da Prefeitura para este fim. Deste total, R$ 5,9 milhões foram desviados do orçamento do SUS, R$ 1,1 milhão da educação e R$ 1,5 da área de habitação [aqui];
  2. com a promoção da imagem da Administração Municipal em âmbito nacional, o Prefeito violou o princípio da legalidade, porque descumpriu o Artigo 125 da Lei Orgânica do Município, que no parágrafo 2º diz textualmente que “Ficam proibidas a publicidade e a propaganda de órgão da administração direta e indireta fora do Município, seja qual for o objetivo, exceto aquelas referentes à atividade turística ”. A Lei Orgânica, diga-se de passagem, tem a eficácia de uma Constituição Municipal – norma, aliás, que no juramento de posse Marchezan Júnior prometeu “cumprir e fazer cumprir”;
  3. além da abrangência nacional, que extrapola a autorização prevista na Lei Orgânica, a propaganda tinha conteúdo de “cunho eleitoral”, no entendimento da juíza Keila Silene Tortelli, que mandou suspender sua veiculação. A campanha, supostamente promovida para estimular o pagamento antecipado do IPTU, tinha como bordão: “POA PRA FRENTE – As reformas que o Brasil precisa, Porto Alegre já fez” [sic]. Com isso, o Prefeito contrariou o Artigo 37 da Constituição Federal e o 19 da Constituição Estadual;
  4. crimes de responsabilidade cometidos por Prefeitos estão previstos no Decreto-Lei 201/1967. Caso o Ministério Público acolha a representação da AJURD, o Prefeito então responderá a processo criminal na Justiça. Condenado, perde o mandato, fica inelegível e impedido de exercer funções públicas por 5 anos, e é obrigado a ressarcir os cofres públicos das verbas gastas ilegalmente.
Apesar da extrema gravidade do assunto, nenhum grupo de mídia noticiou a representação da AJURD no MP. Nada foi publicado em nenhum veículo dos grupos RBS, SBT, Pampa, Record [ex-Guaíba] e BAND – nem nos jornais e tampouco nas rádios e emissoras de TV destas poderosas redes de comunicação.
Há, como se observa, um enorme déficit de informação – e, em consequência, de democracia, porque a população está sendo deliberadamente alienada em relação a atos ilegais praticados pelo governante.
É como se fosse a providência da AJURD fosse um não-acontecimento; um não-fato, uma não-notícia.
É mais: é como se no dia 29 de janeiro de 2020 um grupo de juristas não tivesse se deslocado dos seus escritórios até a sede do MP para se reunir em audiência com uma Procuradora e protocolado a representação por crime de responsabilidade.
Enfim, um silêncio abrumador ronda este acontecimento que é de enorme relevância e interesse público para todos munícipes de Porto Alegre, menos para a mídia comprometida com o governo e descomprometida com a verdade dos fatos.
A explicação para essa impressionante blindagem por terra, mar e ar do Prefeito Marchezan Júnior pode estar no dinheiro. Ou melhor, na extraordinária capacidade que o dinheiro tem de comprar silêncio de uma mídia que não faz jus à condição de concessão pública e que, na maioria, obtiveram suas concessões em circunstâncias nada republicanas.
O Portal de Transparência da Prefeitura de Porto Alegre confirma o poder que o dinheiro possui de comprar silêncios da mídia para alienar a cidadania: em 2018 e 2019, a verba empenhada pelo governo para publicidade totalizou R$ 51,2 milhões [ler aqui sobre os gastos estratosféricos do governo Marchezan Júnior com propaganda em 2018 e 2019].
Na página oficial da Prefeitura também se descobre como esta dinheirama de R$ 51,2 milhões que foi retirada da saúde, educação, assistência social e habitação foi distribuída; ou seja, se descobre qual é a “cotação” do silêncio em cada grupo de mídia – RBS, SBT, Rede Pampa, Record, BAND."

Pensem  nisso  enquanto eu  vos  digo  até  amanhã.

É ESSE O PRESIDENTE DO BRASIL ? NÃO ESTÁ NEM AI PRO CIDADÃO BRASILEIRO

Bolsonaro diz ser inviável tirar brasileiros de locais com coronavírus: 'custa caro'

"Se me arranjarem recursos e meios, começamos a arranjar (voos) a partir de agora", declarou. "Custa caro um voo desses", acrescentou, ao afirmar que não resgatará brasileiros na China “se não estiver tudo redondinho no Brasil”

Bolsonaro fala sobre o coronavírus
Bolsonaro fala sobre o coronavírus (Foto: ABr | Reuters)

 
247 - "Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira 31 ser "inviável" trazer brasileiros de locais com coronavírus, e ressaltou que isso só ocorreria com quarentena. Em declaração feita após a coletiva de imprensa do Ministério da Saúde sobre o tema, ele disse ainda se tratar de uma ação que cabe mais ao Congresso, por envolver recursos públicos.
"Se me arranjarem recursos e meios, começamos a arranjar (voos) a partir de agora", declarou. "Custa caro um voo desses. Ali, se for fretar um voo é acima de 500 mil dólares o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas depende da aprovação do Parlamento. Aí é com eles", completou.
Segundo ele, o plano para o resgate envolve a realização de um exame prévio, para que ninguém que já apresente os sintomas do novo coronavírus seja trazido ao Brasil, e que os resgatados sejam submetidos a quarentena em hospitais de campanha do Exército.
“Nós não temos uma lei de quarentena. Ao trazer brasileiros para cá, coloca em quarentena, mas qualquer ação judicial manda a gente tirar. Se não estiver tudo redondinho no Brasil, não vamos buscar ninguém. Quem vier para cá tem que se submeter aos trâmites.”
Outros países, como Japão, Estados Unidos e Austrália, têm tirado seus cidadãos de Wuhan, cidade chinesa localizada na província de Hubei e foco principal do vírus. Os brasileiros no local reclamaram de falta de orientação do governo brasileiro."
Pensem nisso  enquanto  eu  vos  digo até  amanhã.

POIS É...ERA SÓ TIRAR O PT !

Bolsonaro supera Temer e joga 38,4 milhões na informalidade

O número de brasileiros com trabalho informal representa 41,1% da força de trabalho, sendo a maior desde 2016, quando Michel Temer assumiu o poder após o golpe contra Dilma Rousseff. Os dados foram divulgados pelo IBGE, na PNAD Contínua
(Foto: Esq.: Alan Santos - PR)
BRASIL 247
 
247 -"Sem emprego com carteira de trabalho, 38,4 milhões de trabalhadores sobrevivem atualmente na informalidade. São pessoas que executam atividades sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar. O número de brasileiros com trabalho informal representa 41,1% da força de trabalho, sendo a maior desde 2016, quando Michel Temer assumiu o poder após o golpe contra Dilma Rousseff. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
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De acordo com a pesquisa, 11,6 milhões de trabalhadores trabalham sem registro em carteira no setor privado, alta de 4% em relação a 2018 e maior patamar da série histórica iniciada em 2012. O número de trabalhadores por conta própria atingiu o maior nível da série. São 24,2 milhões, sendo a maior parte (19,3 milhões), sem CNPJ. 
A partir de 2016 passou a vigorar no País uma política baseada na entrega de setores estratégicos para estrangeiros, corte de direitos e de investimentos. O governo fechou 2019 com 12,6 milhões de desempregados, uma taxa de 11,9%."

OBS":  Diante  deste  quadro  assustador  que  está  em  nossos  olhos,  e na  realidade  de  milhões de brasileiros,  que  após  o  golpe, se fez  uma propaganda intensa,  que  agora  o  PAÍS    iria ir para  os trilhos, sem  corrupção, mais empregos, enfim   foi  prometido o  conto  da  sereia  e  muitos  foram nesse  conto  mentiroso  e  a realidade  está  agora  exposta  para  todos  verem  e  sentir na pele.
O Brasil  não  é o  mesmo, perdeu  sua  credibilidade mundial, somos  vistos  com  muita  desconfiança  pelo  mundo desse  planeta,  pergunto: "  não  era  só  tirar o   PT?  Para  o  BRASIL   melhorar  em  todos  os  sentidos.
Diante  disso,  sabemos  que  foi  vendido  para o  povo uma  grande  falácia,  uma mentira  que levou o  BRASIL  a  esse  caos  que vivenciamos.
Para  aonde vamos,  com  todo  esse  quadro  que  vivemos ? Não  sei, mas  vivemos tempos  em  que  do  sonho,  passamos  para um pesadelo que não  tem  fim, e  a  desesperança  tomou  conta  em nossas vidas.
Pois  é, eu  lembro, "era  só  tirar  o PT"

Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo  até amanhã.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

REGINA DUARTE E O LODAÇAL

Seja bem-vinda ao lodaçal, prezada Regina:

"Regina concordou em integrar um governo onde será colega, embora em posto inferior, de aberrações e ameaças como Abraham Weintraub, Ernesto Araújo, Onyx Lorenzoni, Ricardo Salles, Damares Alves, Paulo Guedes e Sergio Moro. Com qual ela sente maior afinidade?", pergunta o colunista Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia.
 
Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia -" Não houve nenhuma surpresa: depois da encenação toda (afinal, seu ofício é e sempre foi representar), Regina Duarte fez o que todo mundo sabia que faria e virou secretária especial de Cultura.
Vai assumir formalmente o cargo assim que chegar a um acordo com a Globo, rompendo um contrato de décadas e que assegurava a ela um gordo punhado de reais quando estava sem trabalhar, e obeso quando participava de alguma novela. 
Alguns conhecidos meus observam que ela é infinitas vezes melhor que seu antecessor, o tal Roberto que quis ser Alvim. 
Ora, qualquer bípede implume seria melhor. Seu único e exclusivo gesto respeitável foi ter feito o que boa parte do governo de Jair Messias não tem a decência de fazer: assumir suas coincidências com o nazismo. 
Também dizem que com Regina será possível abrir diálogo e estender pontes. Bem, tenho cá minhas dúvidas, e conto as razões.
Acontece que por mais que ela se mostre afável e disposta a ouvir, estará integrando o governo de Jair Messias com sua furibunda determinação de destruir tudo que existia e ainda existe. Será que ela acha que pode conter essa fúria arrasadora? 
Além disso, antes mesmo de aceitar o cargo ela indicou para o cargo de secretária-adjunta uma senhora que se faz chamar de ‘reverenda’. Durante a encenação do aceito-não-aceito-o-convite prestigiou intensamente a criatura em questão. Será com gente esdrúxula, desse naipe, que ela pretende montar sua equipe? 
Regina concordou em integrar um governo onde será colega, embora em posto inferior, de aberrações e ameaças como Abraham Weintraub, Ernesto Araújo, Onyx Lorenzoni, Ricardo Salles, Damares Alves, Paulo Guedes e Sergio Moro. Com qual ela sente maior afinidade?
Regina certamente é mais afável, sorridente e gentil que todos eles somados e multiplicados por três. 
Acontece que em sua nova atuação ela não fará o papel de aeromoça: será, ao menos em teoria, a responsável por um dos setores atacados com mais ódio e ressentimento por Jair Messias.
Mesmo considerando que depois da guerra cultural declarada pelo antecessor de Regina, e de sua imagem irremediavelmente negativa no mundo das artes e da cultura, Jair Messias tenha decidido suavizar um pouco sua fúria ressentida, ele não vai deixar de ser o que sempre foi e será. 
Aqui e ali menciona-se que Jair Messias prometeu carta-branca para Regina nomear quem quiser. Bem, ele fez a mesma coisa com o ex-funcionário de Pinochet, Paulo Guedes, e com Sérgio Moro. Deu no que deu: os dois tiveram quadros importantes de seus ministérios fulminados por ordem direta de Jair Messias. 
Aliás, entre suas bizarras peculiaridades uma se destaca: dá carta-branca mas avisa que tem poder de veto. Será que Jair Messias sabe o que significa ‘carta-branca’? 
Tomando tudo isso em conta, além do fato de o corpo técnico do fulminado ministério de Cultura ter sido desfeito e espalhado ao deus-dará, e que o orçamento do setor virou mingau ralo, e isso sem mencionar a falta de experiência de Regina na coisa pública, cadê espaço para qualquer vestígio de otimismo?
Mesmo considerando que ela tenha topado entrar nesse governo demencial para tentar, lá de dentro, melhorar o ambiente aqui de fora, em especial com a classe artística e cultural, insisto: cadê espaço para otimismo?
Para completar, Regina vive há muito tempo uma guinada em suas posições políticas, e nunca escondeu isso. Foi guinando pouco a pouco para uma direita deslavada, até culminar nos braços de um ultradireitista tresloucado chamado Jair Messias.
Não tem como dar certo. Por maior que seja a torcida, por mais aguda que seja a necessidade, não tem como: Jair Messias é Jair Messias, e seu governo é esse aí, o pior e mais abjeto da história da República.
Alvim só caiu porque foi honesto: declarou com todas as letras que assinaria embaixo o que Goebbels escreveu. Não fosse isso, ele continuaria lá, cumprindo de maneira exemplar a missão de destruir tudo.
Seja bem-vinda ao lodaçal que você escolheu, Regina. Tomara que você dê errado, ou seja, não contribua para a destruição do nosso campo, o das artes e da cultura, que é o único objetivo desse governo. 
Tomara que dando errado você possa um dia voltar para casa enlodada porém inteira, ou quase. "

Pensem   nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A LUA QUE NOS DEIXA ALUADOS

Nos céus  que já vi, admirei..amei...sempre me encantou a lua, a lua que nesse nosso mundo é  como ser o aconchego de um abraço  que queremos..de um afago que precisamos naquelas horas que nos falta um chamego.
Nesse corre-corre de nossas vidas não temos tempo para admirar aquilo que está diante de nossos olhos.
Já me perguntaram em minhas andanças  por ai, porque falo muito na lua, sim a lua é  um amuleto que nos energiza,  nos dá aquele clarão que nos assopra pra frente, como um farol que nos dá  o rumo em nosso barco que está em alto mar.
Sempre em muitos momentos  tive a lua parceira, companheira, e em noites que ela não  aparecia eu ficava como um náufrago a procura de um  socorro em alto mar.
Talvez essa sensação,  esse laço  em que a lua nos permite ter, é  a prova cabal, que ela nos alua nos remete a essa  constelação  de  sonhos, de algo que procuramos, aqui e ali.
Hoje tem uma garoa insistente nos céus,  mas meu olhar está  adiante dessas nuvens  densas que a esconde de minha visão.
Mas sei, que ela está lá,  aguardando uma oportunidade para irradiar sobre nós  sua energia de todas as noites.
Assim sendo, é  o aluamento que  ela nos transmite nos faz sonhar  e ao mesmo tempo  termos a oportunidade de dizer pra ela: obrigado  lua das noites, das noites  solitárias, dos momentos que nos são absorvidos por essa magia que só  ela nos oferece.
A lua que nos alua, ela existe!
Pensem nisso enquanto eu vos digo até  amanhã.

DEMOCRACIA É UM LONGO CAMINHO

A importância da história se atualiza

O eminente historiador francês, Marc Bloch, executado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, dizia que a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado.
MOISÉS  STHAL
 
"Entre o final do século 20 e início do século 21, o historiador José Murilo de Carvalho publicou uma importante obra de interpretação do Brasil (Cidadania no Brasil: o longo caminho) em que trazia uma reflexão sobre a inexistência de uma memória ativa da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Naquele tempo, fim da Era FHC, havia a sensação de uma democracia consolidada, dez anos depois, em 2010, no final do governo Lula, tinha-se a certeza de que se experimentava a plenitude da democracia. Na década de 2010, com o governo Dilma, o bulício antidemocrático começou a se manifestar claramente a partir das jornadas de junho de 2013, quando grupos de extrema-direita rasgaram o véu e fomentaram um nacionalismo excessivo aderindo a símbolos e cores que, supostamente, representavam um suposto amor à pátria. O rebuliço social tomou conta do país e a disputa política por um legado histórico abriu uma fenda na memória do país que permitiu discussões mofadas sobre um legado da Ditadura, algo impensável até então. 
Nas eleições de 2014 ainda foi possível encontrar um refresco democrático, posto a fim a partir de 2015, com o caráter nada democrático e republicano do PSDB, representado na figura de Aécio Neves, que acreditou ordenar as massas rumo a uma nova eleição antecipada ou eleição indireta, que novamente daria o governo aos tucanos. Em 2016, com o impeachment da presidente Dilma, uma memória negativa do país entrou nas discussões públicas. Com as eleições presidenciais de 2018 a disputa entre um legado democrático recente e um “legado” autoritário mofado permeou o debate político e atiçou a memória do Brasil. Em 2019, o presidente eleito em 2018, Jair Bolsonaro flertou com o discurso autoritário e legitimou certos comportamentos praticados no cotidiano. Em 2020, o secretário da cultura do governo Jair Bolsonaro, Roberto Alvin, encena publicamente, em vídeo, o típico discurso do nazismo, com citação, indireta, de Joseph Goebbels (Ministro da Propaganda Nazista, figura muito próxima de Adolf Hitler), e assombrou o país. Nesse cenário, em que as atualizações do atraso (ditadura e nazismo) se manifestam sem pudor, qual a importância do conhecimento histórico no rechaço à essas manifestações?
O eminente historiador francês, Marc Bloch, executado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, dizia que a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Imaginemos um cenário em que ninguém percebesse a citação da frase de Goebbels no discurso de Alvin, ele não seria destituído do cargo que ocupava e seu projeto de cultura modelado por uma visão ultranacionalista e conservadora ganharia espaço na sociedade. Ou seja, foi possível compreender o presente a partir do passado e explicitar a importância do conhecimento da história como ferramenta na formação de uma sociedade preocupada com o bem comum de todos e não de grupos seletos.
Outro caso de prática nazista se deu quando um indivíduo utilizando uma faixa com a suástica emblemada fez presença em um movimentado bar na cidade de Unaí-MG, o que gerou a indignação da população presente, e grande repercussão. Encontramos neste ocorrido outra compreensão do presente. Contudo, tais casos poderiam ser enquadrados como crime de apologia do nazismo previsto em lei, mas não foram. Há nesses casos uma tensão perigosa entre a percepção de setores da sociedade que compreende as manifestações e o literal fechar de olhos da justiça e de seus oficiais. Abre-se um espaço maior para práticas de defesa do autoritarismo, que podem fomentar na sociedade o aparecimento de situações de disfunção social e maior espaço para o autoritarismo, que já faz sombra. 
Antoine Prost, em seu livro Doze lições sobre a história, ressalta que no discurso dos historiadores, “os fatos constituem o elemento consistente, aquele que resiste à contestação”. A afirmação de que a Alemanha nazista empreendeu extermínio dos judeus e demais grupos sociais não é uma opinião subjetiva, como observa Prost, é uma verdade, que é respaldada em fatos. Assim, é o caso do uso do discurso de Goebbels no contexto da Alemanha nazista, que tinha a finalidade de impor um projeto de superioridade e eliminar os entendidos por inferiores. Está provocado, com documentos, a finalidade atroz dos nazistas – é uma verdade. Diante disso, o uso de Goebbels na atualidade aciona o sinal de alerta na sociedade, é preciso frear esta escalada enquanto há tempo.
A história está sempre presente e se faz mais necessária em tempos de ameaças tirânicas. O primeiro ato dos tiranos e suas tiranias é tentar modelar o passado para seu uso no presente. Uma história distorcida, nada científica, se constituí para legitimar comportamentos e ações. Contudo, a história como ciência busca e leva a buscar a compreensão do presente pela leitura correta do passado. A história como ciência que revela o caminho percorrido aos novos caminhadores é repleta de pessoas em constantes relações, indo e vindo, forçando e forjando o tempo. Saber receber e ter a compreensão da importância do saber histórico é possibilitar a melhor condução da sociedade, sem que se recorra aos velhos dispositivos indutores das atualizações do atraso, que, sabemos, são desejadas e buscadas constantemente para a imposição de situações de desajustes sociais, desequilíbrios e desigualdades."
Pensem   nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...