segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AS IRONIAS DO GOLPE

"Na obra-prima 'As Veias Abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano, fica fácil enxergar uma elite de mentalidade tacanha e egocêntrica que pouco evoluiu da colonização pra cá.
Com o monopólio de bombeamento nas suas mãos, o 'sangue' só escorre nas veias que chegam aos 'órgãos centrais', gotejando com muita parcimônia na periferia. E o resultado, é uma imensa massa de 'anêmicos' a habitar grotões da nossa sofrida América Latina.
Alguns líderes esquerdistas se meteram a besta, quebraram o monopólio do bombeamento, passaram a irrigar as veias dos pobres e miseráveis e deu no que deu. Foram para casa mais cedo, Zelaya em Honduras, Lugo no Paraguai, João Goulart e Dilma aqui no Brasil. Getúlio e Allende todo mundo conhece a história. De quebra, ainda derrubaram Hugo Chávez, que voltou dois dias depois nos braços da periferia.
E a corrupção sempre esteve presente nos pretextos para destituir aquelas lideranças, eleitas em pleitos democráticos.
Pergunta-se: E desde quando corrupção derruba governo constituído? Fosse assim, FHC teria caído no primeiro mandato, na esteira da compra de votos para sua reeleição, no caixa dois da lista de Furnas, no assalto ao Banestado de 500 bilhões ( o mensalão e o petrolão não dão nem um chá), na licitação nebulosa do Sistema de Vigilância da Amazônia que botou 1,4 bilhão de dólares no bolso da empresa americana Raytheon Company e rendeu um apartamento de 44 milhões de reais em Paris.(dá 20 triplex juntos ).
Todas essas traquinagens de seu governo e o homem ainda aplicou uma goleada em Lula no primeiro turno. Então, vamos acabar com essa história de corrupção derrubar governos. .Até porque, não se registra na história da América Latina um & uacute;nico governo de direita sendo destituído pela esquerda por ter praticado atos de corrupção E olhe que o continente tem um currículo repleto de governos corruptos, eleitos com o respaldo do pessoal que habita a Casa-Grande.
Na AL, quem sempre derrubou e derruba governos eleitos democraticamente é o dinheiro da elite e a mídia, da elite também. Corrupção é mero pretexto. E com Dilma, o descaramento chegou ao requinte de um bando de traidores e conspiradores se acharem no direito de destituir uma mulher, com o caráter e a ética que não se enxerga em nenhum desses corruptos que tomaram de assalto o poder.
E quando eu falo do dinheiro da elite a derrubar governos democráticos, estou falando dos 500 milhões que a FIESP arrecadou ( quem denunciou, sem pedir segredo, foi o jornalista A. J. de Assis) para 'estimular' a rapaziada da câmara votar pelo impeachment.
No século passado, o marechal Castelo Branco denunciou "as vivandeiras que foram aos bivaques bulir com os granadeiros", hoje, as vivandeiras da FIESP vão ao congresso mexer com os parlamentares.
Mas, o que mais machuca e deprime nessa história, é a profunda ironia, do maior corrupto do país conduzir um processo para derrubar uma presidente honesta, eleita pela vontade democrática de 54 milhões de brasileiros.
Com os aplausos de muitos cidadãos de bem, que perderam o instinto democrático e esqueceram o senso de justiça."

Após  o término  do  segundo  turno  das eleições municipais  no País, novos  quadros mudam  as  cores partidárias,nos municípios.
Parece-me, fazendo  uma  leitura  rápida, da política brasileira,  o povo  esqueceu  rapidamente  que houve  um golpe na nossa  democracia.
Mas ainda bem  que  houve, eleição, ainda temos resquícios de uma democracia.
No  voto,  a soberania popular é o  que  conta   mas  dizendo  aqui, o  óbvio, seria tão  bom acreditar  que só  o voto, sacramenta uma eleição.
Pensem  nisso  enquanto  eu  vos digo até amanhã.

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