quinta-feira, 9 de junho de 2016

ENQUANTO HOUVER AMOR

Caro Estranho,
Recentemente, terminei um relacionamento de pouco mais de dois anos com a minha namorada. O motivo do término não foi falta de amor ou desejo. A questão é que ela passou a ter depressão e começou a se tratar há pouco.
O fato de termos terminado me dói muito, pois ainda sou apaixonada por ela e sei que ela também é por mim. Ainda mantemos contato. Nós nos falamos e nos vemos todo dia. E é muito duro uma ficar sem a presença da outra.
Gostaria de saber o que você pensa a respeito disso. Porque estou numa situação que não sei até quando vou aguentar. Será que seria melhor eu me afastar? Ou continuar ao lado dela e ajudá-la com essa doença que lhe faz tanto mal?
Obrigada desde já,
Amanda
Cara Amanda,
Como você sabe, apesar de entendê-la, não tenho como escolher um caminho por você. Assim como quase todo mundo que me escreve, você está presa entre a vontade de ir e o desejo de ficar. No entanto, tenho a impressão de que a carta acima foi escrita por alguém que não quer partir, e sim permanecer. Você ainda ama essa mulher e só o fato de ter me procurado já é um indício importante do que você quer fazer, concorda?
Não sei se preciso lhe dizer isso, mas a depressão é uma doença e, assim como qualquer outra, exige um tratamento adequado. É um sofrimento quase sempre silencioso, capaz não só de devastar quem o sente, mas também de transformar tudo ao redor. É uma condição cujo oposto não é a felicidade, mas a vitalidade, como bem definiu o escritorAndrew Solomon. Portanto, sinto muito por você e pela mulher que você ama, minha cara. Ao mesmo tempo, fico feliz por saber que ela tem procurado ajuda.
Com isso, não quero dizer que você não possa se afastar dela, Amanda. Você não é obrigada a ficar com alguém só porque essa pessoa está doente. Isso não seria justo com você, muito menos com ela. Inclusive, se você optar por partir, tente não se culpar. Tenha em mente a ideia de que você não pode obrigá-la a melhorar. Tudo que você pode fazer agora é conversar com ela e ouvir com atenção o que ela tem a dizer. É praticar a empatia e tentar entender como ela se sente. Esse é o maior gesto de amor.
Se você me acompanha há algum tempo, deve saber que não acredito na felicidade absoluta, tampouco no amor idealizado. O que sei é que cada um ama como pode. Afinal, o amor não é um fenômeno espontâneo. É um esforço para o bem. Amar é escolher estar com alguém a cada instante. Então, não se preocupe, minha cara. Você sempre terá a opção de ir ou ficar. Porém, enquanto você me disser que há amor e vontade de estar junto, vou sugerir que você a procure, fale com ela e faça o melhor que puder.
Um grande abraço,
Estranho
PENSEM  NISSO  ENQUANTO  EU  VOS DIGO  ATÉ AMANHÃ.




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