sábado, 25 de junho de 2016

CARTA ABERTA AO SENADOR ROMÁRIO, POR PAULO NOGUEIRA


Postado em 25 Jun 2016
Aplicou um drible para conseguir um cargo
Aplicou um drible para conseguir um cargo
Esta é mais uma carta de uma série que poderá ser transformada em livro sob o título de “Cartas aos Golpistas”.
Caro Romário:
Gosto muito de uma frase: “Só não me decepcionei com você porque nunca esperei nada de você.”
Acho que é uma frase minha mesma. Às vezes a uso brincando, outra a sério.
No seu caso, é a sério.
Se eu tivesse alguma expectativa sobre você, me teria desapontado com seu papel no golpe. Não. Papel, não. Papelão.
Não me refiro apenas ao sim no Senado. Falo também, e sobretudo, de suas artimanhas depois daquilo.
O senhor deu um drible na democracia e na integridade ao sugerir que poderia dizer não, em vez de sim, na sessão decisiva sobre o impeachment de Dilma.
Com isso levou um cargo. Mas perdeu a máscara de político sério.
O senhor sequer foi original. Repetiu a esperteza de Zezé Perrella, o amigo de Aécio em cujo helicóptero foi encontrada meia tonelada de pó de cocaína. O homem do helicoca.
Perrella, assim que encerrada a contagem de votos no Senado, anunciou numa entrevista à BBC Brasil: Temer está nas mãos dos senadores.
Perrella notou que bastariam três senadores mudando de lado na segunda e definitiva votação para Temer ir para a lata de lixo.
Mais do que uma contagem matemática, ele deu um recado. Ou fez uma chantagem. Poucos dias depois, o filho de Perrella recebeu um cargo na CBF. Perrellinha estava, ou está, tão envolvido no escândalo do helicoca quanto seu pai. Nominalmente, era o dono do helicóptero.
Temer entendeu o recado de Perrella. E você também. A visita que você fez a Dilma no Jaburu foi, vistas as coisas em retrospectiva, uma malandragem mais que qualquer outra coisa.
Caro Romário: você simboliza uma política putrefata. Será lembrado pela posteridade como um grande jogador — como poucos — e um político desprezível, como tantos que atormentam os brasileiros e impedem que nos transformemos numa sociedade avançada.
Com a bola, você não foi um enganador. Foi craque mesmo. Mas como político é um tremendo de um enganador, um golpista sem nenhum escrúpulo e sem outro interesse que não seja o próprio.
Antes de me despedir, lembro que ainda esperamos os devidos esclarecimentos sobre aquela conta milionária na Suíça que você disse que não era sua: ficou malcontada a história."
Sinceramente.
Paulo
Pensem nisso  enquanto  eu  vos digo até amanhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...