sábado, 22 de abril de 2017

TEMER E A ODEBRECHT

Encontro entre Temer e a Odebrecht

Prazer, Michel

     " Parece haver do ponto de vista lógico muita injustiça nessas delações. O dedo-duro Márcio Faria, em nome da Odebrecht, encontrou-se com Michel Temer e Eduardo Cunha em data e local precisos: 15 de julho de 2010 no escritório do vice-presidente da República, em São Paulo. Segundo Faria, a reunião foi para Temer abençoar a venda do PMDB por R$ 40 milhões. Não se teria falado em dinheiro para evitar vulgaridades. Tudo já estava combinado de antemão. Cabia a Michel Temer apenas dizer a senha:
– Ó, tá bom, feliz aí, a Odebrecht é uma grande empresa, preparada para trabalhar no exterior…
A memória de Márcio Faria é perfeita. Nenhuma preocupação com Alzheimer. Ele exercita a mente guardando segredos de propinas. O presidente da República soltou nota admitindo o encontro, mas negando que os motivos tenham sido ilícitos. Teria sido apenas um momento especial para que o executivo pudesse conhecê-lo. Esta coluna teve acesso a material desconhecido até da Lava Jato sobre o verdadeiro teor da conversa com Temer.
– Prazer, Michel.
– Encantado, Márcio Faria.
– Faria o que se pudesse?
– O bem do Brasil.
– Então somos iguais – teria dito Michel.
– Como vai Dona Marcela?
– Muito bem, obrigado, cuidando do nosso lar.
– Se me permite, é uma bela jovem.
– Bela e recatada.
A conversa teria sido de amenidades. Blogueiros de esquerda, portanto pouco confiáveis, garantem que Faria e Temer falaram de literatura. Michel teria revelado suas preocupações:
– Gosta da Insustentável leveza do ser?
– Do Kundera?
– Claro. Que outro seria?
– Evidente, evidente. Sou mais Chordelos de Laclos?
– Não li.
– Vai me dizer que não leu mesmo As Relações perigosas?
– Não é minha praia. Sou mais Meu pé de laranja lima.
Temer teria puxado a conversa, em certo instante, para um terreno pantanoso do qual Márcio Faria se esquivou: a gramática.
– Que acha o senhor do uso da mesóclise?
– Dê um exemplo?
– Far-se-á um acordo entre nós?
– Já está feito, vice-presidente.
– É condicional.
– As condições estão definidas.
– Pela Academia Brasileira de Letras.
Como se vê, agora com fartura de provas, Michel Temer não se envolveu em qualquer irregularidade. Manteve-se elegantemente no campo das suas principais preocupações. Se algo ficou subentendido nesse encontro de cavalheiros foi a necessidade de aprofundar o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa. Nunca na história deste país uma reunião foi tão republicana, literária, agradável e moral. Michel se despediu:
– Com as minhas saudações republicanas ao Dr. Emílio."

Pensem   nisso   enquanto  eu  vos  digo  até   amanhã.

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