quarta-feira, 12 de agosto de 2020

LÁ NA FAZENDA DO VOVÔ HILDEBRANDO

O dia  passa  a passos  lentos, tem  chuva   lá  fora, tem frio, tem  vento,  um  típico dia  de  inverno  gaúcho.
Nesses  dias  assim, nossas  lembranças  caminham   por pagos  distantes, não  tem  como   não  lembrar, ainda  bem  que possamos recordar, enquanto  estamos  aqui  nesse  plano.
Dizem  alguns,  que o  inverno  é  a  estação do  ano   dos  velhos,  dos idosos,  dos  de terceira idade,  ou  da melhor idade, dessas  possibilidades    qualquer um  está  bom.
Não  podemos negar, esconder,os  cabelos estão  brancos, a pele enrugada, talvez  os passos  mais lentos, a  mobilidade  com mais  calmaria, mas sei  também que há muita vida  ainda, muita  vontade  de caminhos....fuzarcas...alegrias a  buscar..abraços a  dar, mãos  a estender ,  aconchegos a repartir, carinhos a compartilhar.
A  noite já  começa a dar  sua cara, são   18 h, e  12  min , a chuva continua  a  correr  no  asfalto, procurando   seu  caminho.
Oxalá,  o  campo desse  RIO  GRANDE  VÉIO ,  tenha  essa  felicidade da  chuva fertilizar  o  seu  solo , as plantas  beberem a  água santa  que  vem   dos  céus, o  gado,  os  animais  todos,  cavalos,  ovelhas, enfim, a  água;  esse  H2O  é a  vida  que  desce do  céu para  dar  água  aos  que  tem  sede.
Penso,  vejo o  barulho nas janelas, dos pingos  grossos  da chuva, parecendo  tambores retumbando no  meu  coração.

Lembro, do  meu  avô,  HILDEBRANDO FAGUNDES sentado  no  seu  banquinho  fedondo  de  madeira   no  seu galpão,sempre  com  o  seu palheiro pitando, contando suas  estórias do  homem de campo, e  eu  guri, de cidade,  ávido  por  apreender, conhecer, me  virava  em  sonhos, imaginando aqueles  causos ca campanha gaúcha.
Meu  avô,  era um   homem  muito  bom, tinha como  característica sua  calma, o  seu  silêncio,  um sorriso de vez  em  quando limpo, sincero, como  sempre  foi,  falava  pouco, era mais "falador" quando  a noite  aparecia, na luz do lampião  a querosene,  e  o  fogão  de lenha fazendo  o  calor  para  nos aquecer.
Era  o  seu HILDEBRANDO  FAGUNDES,  uma mistua de índio, bugre ,  pele escura, sempre  com  sua  bombacha  e  suas   botas.
Meu  avô, que  tempo  bom !! Que tempo vivido, que tempo faceiro!
Lá  na  fazenda, quando nos reuníamos   os primos, primas,   era uma festa só,  um  gritedo da gurizada, o Valandro, o primo K, o Eduardo, o Dolimar, o Sérgio,o  Júlio,  o Perizinho, o Gabriel, o  Paulinho, saíamos pro  campo  para  fuzarquear, íamos pro  açude, andavamos  a cavalo, ( tem coisas  que não  posso  falar...rsrsrs),éramos arteiros, mas  bons guris,minhas  primas eram  comportadas, todas, a  Suzana, a  Soninha, Rosinha....nos dávamos  muito  bem,  primos  e primas.
Eu aprendi muito  com  o  vovô HILDEBRANDO, todos  nós  aprendemos,  isso  é um  fato.
Então, quando vejo  essa  chuva  teimosa  que  teima a cair, veio em  mim,  um  flash do  meu  livro da memória  e  veio  a figura, bonita do  meu  avô,  e  não tem  como  a gente derixar  de relatar,  rever  na memória enquanto dá esse  tempo desse  tempo vivido, dessas cenas, desses  atos  vivenciados.
O  campo  para  mim,  e  os meus primos  e primas, com  certeza, nos ensinou muito, aprendemos  muito, principalmente dar  valor  a terra, e  a convivência  entre  nós todos.
Sim, a gente  sente saudae, como  não  sentir ? O cheiro  do  campo,  da terra  santa  gaúcha, as frutas que  a gente  pegava  subindo  nas árvores frutiferas, pêras, maças, tinhamos tudo  a  nossa frente, sem  falar na  nossa  comida, que  vovó, LÍDIA  fazia, ela  era pequenina, vovó ( TUTUCHA),  muito brava,  rsrsrsrs. Lembro  que um  dia fizemos  uma bagunça,  e quando  não  fazíamos né ?   O  primo  K, mano do Eduardo,  e do  Paulinho, disse  um nome "feio" (kkkkkk) e  a vovó correu  atrás  dele   com uma maçã  na mão  e  colocou  na boca  dele,  eita  veinha braba,  para  ele  não  dizer  mais nomes  feios.
Sim, fomos felizes,  éramos muito  amigos  e  isso lembro  muito  bem.
Para  se ter  idéia, os  causos  do  vovô,  se prolongavam, entrando  na  noite, sempre  tinha platéia  para  ouvir.
A chuva   está  forte...mas calma,  chuva  abençoada,  amém !!
Vou  tentar comer uma  bóia, hoje  sopão,  e  pra variar  um  vinho tinto  seco,  afinal,  o  véio precisa se aquecer.
Meu  avô HILDEBRANDO, vovó, LÍDIA, obrigado,  por tudo,  pelas  lições de vida..saudade eternas.

Pensem  nisso  enquantro  eu vos digo até  amanhã.

2 comentários:

  1. O vô ia passar o inverno lá em casa, quando mais velhinho, para escapar dos rigores do clima. Era o chefe da lareira. Passava o dia ali, numa confortável poltrona, remexendo o fogo, remoendo as suas reminiscências e contando suas histórias.

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  2. Agora nesse momento em que estamos passando só nos resta recordar...e esperar.

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