segunda-feira, 25 de novembro de 2019

UM BAILÃO NA MEIA LUA

Hoje,recordo de um baile que eu e meu querido amigo Paulo Marques, agropecuarista, morador da Terra dos Marechais, São Gabriel, um cara legal, um homem bom, adora tomar um bom vinho, um copo,dois,três. ..Bah..!
Mas vinho é  bom , não  é mesmo?
Estávamos  na fazenda dele e ele que  conhece mais aquela região,  próximo a cidade  de Lavras do Sul,  me convidou para  irmos juntos num baile gaúcho nas redondezas daqueles de soltar poeira da bota e balançar as  bombachas.
Como ele  disse:
Júlio,   vamos de lambreta, estou com preguiça de aprontar  os cavalos.
- Tá bom amigo, então  vamos pro entrevero dessa bailanta.
Nos embonitamos,  até  que por gasto a gente não  é  feio! Kkkk
Nos encharcados do perfume "amor gaúcho ", brilhantina nas  melenas, e nos sovacos, um cheirinho de desodorante "Van Es".
Vestimos nossas pilchas,  aparato adequado para um bailão gaúcho.
O bailão seria num salão, lá  por perto, uns 4 km.
Nós  já embonitados, loucos para irmos fuzarquear,perguntei:
-Paulinho, você dirigi bem essa lambreta?
- Deixa comigo, vai  soltar poeira,na estrada,vamos embora.
Saímos , aquela lambreta,anos 70, lâmina o chão  da estrada com aquele barulho estridente.
Minha bombacha que o Paulo me emprestara era larguita demais, e eu magricela, tisico .
E com a velocidade que íamos,  a lambreta levantava polvadeira,os panos da minha bombacha preta, alcançava  levada  pelo vento,  o rosto do Paulo.
Ele dizia :
Tira essa toalha do meu rosto Júlio!
- Não  é  toalha, é  a minha bombacha!
Meu Deus do céu,  ele também  de bombacha preta pareciamos dois urubus, com nossas bombachas voando ao sabor do vento e tapando a lambreta.
Mas enfim, chegamos inteiro na casa de baile, minha bunda toda dolorida devido  aos solavancos  da estrada de chão  batido.
Tinha muita  china bonita, tinha de todo jeito, cada belo recavem que mexiam com o vivente, brilhando os     zóios !
Estávamos  loucos para sapatear  no salão do baile,e sarandear a noite toda.
Fomos tomar  um vinho no balcão  do salão  para dar um "up".
O vinho era da marca chapadão lá  das bandas de Jaguari.
Bah!  Tinha carreteiro, batata doce, bolinho de arroz, linguiça, farofa, rabo, rabo é  bom!
E  café preto bem bagual com murcilha, queixo de porco, chimia de todo o tipo,sagu, refrigerante grapete , crush ,miranda  mortadela, queijo, um festival de comilança gaúcha e não podia  faltar a cachaça boa!
Pegamos umas muié  pra dançar!
E  fomos  pro meio do salão,  O Paulo com uma o polaca e eu me agarrei numa neguinha , formosura total.
Lá  pela duas da madrugada,  tive um acidente,  e o Paulo:
- Que foi Júlio,  ta mancando?
- Não Paulo, soltou o solado  da bota!kkk
O Paulo só  tirava sarro.
Acho que estávamos  "choco" e  começamos a rir.
O Paulo disse :
-Não  dá  bola, amigo!
- Vamos dar um jeito!
O Paulo, viu um gaúcho  que estava dormindo ,estatelado, com a cabeça sobre a mesa.
Não pensou duas vezes.
Olhou ali, aqui..lá,  pra cá, viu o gaúcho  que roncava, viu as boras parecidas  das minhas , tirou , do pé  do gaúcho,  colocou a minha com o solado aberto no pé  do vivente.
- Coloca a bota Júlio!
- Vamos aproveitar , a noite é pequena.
E o foi o que fizemos,  a fuzarca foi grande.
Lá  pelas  4 da manhã,  serviram,  linguiça,  rabo, mandioca, um cuiudo feijão mexido e um café  preto bagual de bom.
Após  aquele  suculento  biscatizinho gastronômico para repor nossas energias,  voltamos para dançar.
No meio do salão,  lá  pelas quase seis da manhã  vi o dono da bota que estava mancando , pois usava a minha bota e eu a dele. ..kkkk, avisei,  o Paulo.
O Paulo e eu ríamos muito.
Como estava já  no fim do baile, o Paulo, falou  com o dono do bar :
-Seu Juca, faça  o favor  estou com pressa  entregue essa bota para aquele senhor daquela mesa. Mas só  depois que eu sair  e agradeça pelo empréstimo.
Tomamos  uns gole de canha, tinha até  um nome muito sugestivo,  a cachaça : "Pinto duro".
Após,  zarpamos para as casas, direto para a Meia Lua..íamos gargalhando da noitada que passamos.
Foi um baile bagual, bota retoço  nisso.
A noite foi pequena.Ficamos de voltar no próximo baile.

Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.

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