segunda-feira, 23 de novembro de 2015

AS MARCAS DO NOSSO RACISMO VIVO

Sempre  quando  vamos  falar  de algo  com o  nome  de racismo  ou  outro  nome,  ou  asunto  relacionado  a cor  do  ser humano a gente entre  para um  caminho de muitos  questionamentos e
na real    mexe com  aquilo  que pensamos, mexe  com  idéías que  temos sobre esse  assunto   e
nos faz   refletir,  pensar e até que ponto  nós  não  somos  racistas, ou  para um  determinado  ponto  somos  outros não   somos.
Essa mistura  de sentimentos, esse simbionismo  que carregamos   muitas vezes  e digo   quase sempre  revela  a  máscara  que  cada um de nós   carregamos.
Muitos  de nós,  só  pra sintetizar  até nem  gostam  de  falar  desse  assunto  e negam  que  isso  de racismo  não  existe  aqui  nesse  nosso Brasil,  sim  existe,  é claro, é cristalino  nós é que procuramos
mascarar  em  nós, para fecharmos  nossos olhos  e  não  enfrentarmos  essa discussão secular.
É  lamentável que em pleno  século   21, há  ainda  incrustada  nas  mentes  de  muitos e milhares de
seres humanos, essa chaga  feia,  nojenta da  discriminação da cor.
Penso que  esse  forte abalo  quem sofre um ataque  racista,  seja ele   da forma virtual  ou   não  ele
machuca e trás  consequências  para quem  o  sofreu.
Há muitos  que tentam  relativizar  esse tema,  isso  é, tapar o  sol  com a peneira, mas  jamais    vão
apagar  os efeitos de quem  sofre  esse massacre cotidiano.
Negarmos  o racismo  no  nosso  Brasil é  esconder  esse  crime  e dizer  que  vivemos numa democracia  de raças.
A história  dos  escravos    aqui  no Brasil, nos conta que  a abolição foi efetivada   em  14  de maio  de 1888  onde foram soltos  de suas  correntes  de ferro,  sem qualquer aparato legal  de proteção  pública  que  desse  a  esses  negros  livres o  mínimo que fosse   de condições de viver  numa  sociedade  branca  dominante.
É  fato  dizermos   para não  esquecermos  que  somos todos iguais    perante  a lei mas  nem  todos
com  certeza  são  iguais ou partem  da mesma  igualdade.
O professor cientista político e professor do curso de Gestão Pública da Unipampa, Guilherme Howes
"é um absurdo  acreditar  que, em algum  momento ,  o país viveu  uma democracia racial."
Ele  coloca   que nos anos que  seguiram  a liberdade  dos escravos, o abismo entre brancos e negros
só  fez aumentar.
Pessoas de pele  escura,  descendentes  de escravos, e escravos,  mesmo  que  possuíssem   dinheiro
para adquirir   propriedades , eram  impedidos  arbitrariamente  de escriturá-las, e nem   empresas,  e
ao menos até 1920, jovens e crianças  negras não  podiam  frequentar  os bancos  escolares, salvo sim
raríssimas  exceções.
Na  real, existiu portanto  um apartheid  formal  e perverso   silenciado   pela historiografia, negado
pela política   e afirmado pela cultura brasileira  que perdura  até  os dias  de hoje  e  dá sinais   de  recrudescer  a cada dia    quando  fingimos acreditar que haja  uma democracia racial  - avalia.
Segundo ele,  se engana  quem  pensa  que 127  anos após a abolição da escravatura, essa  disparidade
não    mais existe, o racismo, segundo  Howes, não  é um fantasma do passado ,mas sim,um elemento
vivo  e ativo. Ele tem    raízes   profundas e  históricas em nossa cultura escravocrata  e monárquica,
que  naturalizou  privilégios  e que até  hoje vê com  bons olhos  o popular "jeitinho", sem conseguir  perceber   o  quanto   é absurso moralmente  não  valorizar   o  trabalho  dos outros.
Somos  o único  país  do mundo  que ainda constrói  o  quartinho  da empregada,  que é uma reminescência clara  à  senzala dos séculos,  17, 18 e 19.É a  senzala  moderna.
Segundo  ele, afirmando, que estes são  exemplos claros  de que não  superamos  nossa  cultura escravagista e racista.
São  práticas perversas   que ensinam   a exclusão na prática.
Segundo um trabalho de estatística   do Mapa da Violência 2015, os principais mortos  por armas de
fogo  tem  haver com a cor da pele, pois, enquanto  os  de peles brancas   mortas  por  armas de fogo
caiu,  em  23%,  entre  2003 e  2012,  a quantidade  de negros mortos  cresceu  14,1%.
Somente  em  2012,  morreram,  2,5   mais negros  do  que  brancos.
O  que mais  estarrece nessas estátisticas  é que em  2002  a 2012  morreram  a tiros 320 mil  pessoas negras.
Portanto, de tudo  isso  ficam algumas indagações  que  se fazem  necessárias  nesse assunto delicado
pois envolve  a vida,  envolve  seres  humanos.
Você é racista ? Eu  sou  racista? Eu  gosto  de  negros? Eu não gosto  de negros ?
A sociedade  é racista ? A  socieda não  é racista ?  O  que  você pensa sobre  o  tema? É  indiferente?
Não  te diz respeito ?
Só  seremos uma sociedade melhor  quando  abolirmos esse preconceito  feio  e imoral que  ainda  temos  contra os negros.
Pensem nisso  enquanto eu  vos digo  até amanhã.



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