quinta-feira, 29 de setembro de 2016

EU E O IDOSO

A praça   é de  todos nós,  ela sempre   deixa   o compartilhar  dela para  que possamos  curtir  sua beleza,  sua  hospitalidade, e  nos  seus balanços,  brinquedos, soltar  nossas  asas, hoje  adulto  para  um  pouco  mais sermos  de novo  crianças.
O sol da manhã, o  céu azul, lindo  como uma  pintura  de  magia,  emoldurando a  natureza acompanhada por  pássaros, as borboletas  visitando suas  flores, dando  um  ar  de  beleza rara, nesse dia,  na  linda e saudosa  praça da Matriz.
E  eu  com  o  meu  chimarrão sorvendo  o  líquido  verde, junto  aos meus pensamentos  de antanho ,  a minha saudade dormida  e  vi  naquele homem de  aparência  triste,  pequeno,  magro, com  um olhar  ao longe  sentado  no  banco  da praça  e  eu  não  pude  me  conter ,  tive  necessidade  de  chegar até ele,  pra prosear, pra  dentro de mim,  também, não  me sentir  tão  só.
Pois  não  sei   porque, estivemos  bem  a  vontade, parecíamos  que  nos conhecíamos de muitos  invernos.
O passar dos nossos  anos  em  nossos  lombos   de tantas  caminhadas, ,  nos  trazem   marcas  do tempo  que  passou  e  se  viveu.
E , eu tenho  certeza que ele sentado  ali, naquele  banco amigo, já  esfolado  do  tempo, com  certeza, já  deve ter  presenciado   muitas  histórias, histórias  de vida, de amor,  saudade, de todo  o  tipo   que cada um carrega   no  seu  coração,  sei  que  o  banco  de uma praça é  também  um  bom  conselheiro   daquelas  horas, que precisamos  falar,  desabafar, chorar.
Com a  cuia  na  mão,  me aproximei   daquele   homem que o tempo,  o  deixou  frágil, mas  no  tempo  que  nós conversamos, falamos  de tudo, família, filhos,  netos, amores, da  namorada  que foi embora, de amores  mau resolvidos, dos amores  que estão  batendo  no  coração.
Conversamos,  dizia  a  ele   que aquela  praça  era  um  pedaço  meu ,  que ali  meus passos, meus sonhos, minha vida, percorreram  em  tempos passados.
Eu estava  ali   curtindo   uma  saudade  que  meus  olhos  como  que um  retrovisor  me mostravam  a cada  canto  que  eu  olhava daquele  lugar  tão  especial.
A  natureza, as árvores  floridas, pombos, pássaros, mães com  seus  pequenos , homens e mulheres  ali, comungando aos  seus modos  , os  seus momentos,  compartilhando   e partilhando   seus  sonhos, lembranças, quimeras  de ontem  e  de hoje, que  cada um de  nós  carregamos  em  nosso coração.
Esse  encontro  me fez  revitalizar, cada  momento  meu,  e  a  certeza  que nossa vida   é a soma de  nossas  experiências,  daquilo  que vivemos, amamos,  sofremos,  choramos, sorrimos, nossas saudades,  a  saudade  de  cada um, a vida  de  cada um,  nossos amores,  e  desamores  que  também  estão  em  nossos  corações.
A  nossa vida sim  é, a  soma daquilo   que vivemos com  o  coração., pois,   uma vida  sem coração é como  um sol  sem calor, , é como  uma  lua  sem  clarão, uma  estrela sem  brilho.
Eu  me vi  naquele senhor,  talvez pensando   lá adiante  pois,   nós  nunca  imaginamos  o que   a vida  nos  reserva,  o  ciclo  vital  da vida é nascer, viver  e morrer.
O que  me chamou atenção quando  conversávamos   foi  o que ele me disse,  com a  voz embargada: " tenho  86  anos, e não gosto   que me chamem de idoso".
Perguntei  a ele o  porque  e  ele  me disse; " eu  fico  triste"
Fiz,  um contraponto  a  ele, porque senti na  sua  voz, uma  tristeza, como  que  não  aceitando, o  passar dos  anos.
Disse a ele: "somos   a todo  o  momento  em  nossas  vidas  rotulados  disso  e  daquilo  mas o que importa  é a vida  digna  que se  vive, e o  legado  melhor possível aos  nossos  que ficam"  e  ele me  respondeu,  " é verdade  amigo ".
Falamos  por um  bom tempo e  aquele  bate-papo  amigo,    foi   bom  demais, gratificante, unir  sentimentos ,  sensibilidades, nos  fortalece, nos engrandece e  nos aprimoramos  como  seres   humanos  com  todo  esse  enriquecimento  humano, é gostoso  demais.
Ao  nos  darmos um até breve, saí com a sensação   que o  ser  humano  tem  sua  força  alicerçada  no  seu  coração  e  só  o  bem  querer que existe    em cada um  de nós,  é o  que   nos faz acreditar   num  mundo  melhor  e na vida.
E eu,  por  ser um sonhador, eu  acredito.

Pensem  nisso  enquanto eu  vos  digo  até amanhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...