sábado, 24 de setembro de 2016

É TEMPO DE MALDADE

"Acorda, Brasil! Hoje é tempo de maldade. E todos os dias desse tempo serão dedicados à maldade. É tempo de ver a maldade acontecendo e não dizer nada porque não é com a gente, ou de comemorar, porque é maldade contra gente de quem a gente não gosta. É tempo de proclamar herói nacional a um juiz de primeira instância que tira fotos com políticos de direita e persegue políticos de esquerda, que ganhou prêmio da Globo, que mandou prender por engano a cunhada de João Vaccari mas não conseguiu intimar a depor Cláudia Cruz, a esposa de Eduardo Cunha; tempo de bater no peito e dizer que defende a operação Lava jato "doa a quem doer", mas fazer de conta que não sabe quantos denunciados nas delações premiadas ocupam cargo de primeiro escalão no governo golpista e de não querer saber porque é que eles não são importunados pelo Ministério Público, pela Polícia Federal ou pela Justiça. É tempo de esperar o Lula ser preso e de nem perguntar porque o Aécio ainda não foi "comido".
É tempo de anistiar caixa 2 eleitoral e criminalizar apenas o PT por uma prática que corroeu todo o sistema representativo; tempo de ver o Congresso aprovar lei autorizando expressamente o governo usurpador de Michel Temer a praticar as "pedaladas fiscais" que mal justificaram a deposição de Dilma Rousseff. Tempo de ver a mesma imprensa que, dia sim, outro também, descia o sarrafo no Governo Federal quando este cometia erros na política ou na economia – e quando acertava também – dizer que "o maior problema do 'governo Temer' é a comunicação".
É tempo de tirar selfie no aeroporto com Eduardo Cunha, contra quem existem provas documentais de ser "usufrutuário" de contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro de corrupção, e celebrar a polícia invadindo o centro cirúrgico de um hospital – durante uma cirurgia! – para prender Guido Mantega, um homem que, entre outras coisas, garantiu uma política de pleno emprego no Brasil no momento mais duro da crise econômica mundial – e contra quem não há prova alguma de crime, mas apenas citação no depoimento de um criminoso confesso e que, como já foi avisado por porta-vozes da operação Lava Jato, seguirá livre. E rico.
É tempo de ver aquele PM gente boa, que comeu churrasquinho de gato com a gente na passeata pelo impeachment, esculachar e humilhar camelô na passeata dos mortadelas, baderneiros e petralhas. E ir pra rede social repetir o que leu na Veja: que "a polícia militar é a democracia de farda". De chamar política social de "comunismo", chamar nazismo de "comunismo", e qualificar qualquer defesa de igualdade social de coisa de "comunista". Mandar a História às favas e garantir que o "comunismo matou mais gente do que aquele meteoro matou de dinossauro". É tempo de desqualificar qualquer debate e cassar opiniões de qualquer um que se declare de esquerda. Se for do PT, aí é caçar mesmo, com cedilha.
É tempo de maldade. Tempo de, enfim, mostrar à sua copeira, cozinheira, camareira, ama-de-leite, mordomo, motorista, porteiro, jardineiro, caseiro, zelador – e aos filhos de todos eles – que não é com "bolsa-isso" ou "bolsa-aquilo" que se chega a lugar nenhum, mas com "esforço próprio e muito trabalho". De dizer a eles que a sociedade tem uma "ordem" que deve ser respeitada, que não pode ser "essa bagunça", não. Que o certo não é "dar o peixe", e blá, blá, blá... e que você aprendeu que isso se chama "meritocracia".
É tempo de chamar de "atraso" a legislação trabalhista e de "modernidade" uma jornada de trabalho de até 12 horas diárias. De mudar as regras da previdência e adiar a aposentadoria do cidadão comum, mas manter privilégios de políticos, magistrados e militares. De defender cobrança de mensalidade em universidade pública e convocar o Alexandre Frota pra dar um jeito na educação brasileira, livrando-a das ideias perniciosas de um tal de Paulo Freire.
É tempo de ver um sujeito que comprou votos no Congresso Nacional, para mudar a Constituição e poder se candidatar de novo ao mesmo cargo – o de Presidente da República –, sair em capa de revista dando lição de moral em quem, tendo a maior popularidade da história, jamais pensou em mudar qualquer lei para ter direito a mais mandatos ou qualquer benefício pessoal. É tempo de ver Lula denunciado por um apartamento que seus acusadores não conseguem provar que é dele, e o sujeito apontado como verdadeiro dono de um apartamento em Paris e acusado de usar uma empresa concessionária de seu governo para mandar mesada para um filho no exterior, dar lição de moral em Lula.
É tempo de ver voltar à agenda nacional o receituário que quebrou o país por três vezes em sete anos, que produziu o maior índice de desemprego de nossa história e que fez do Brasil um vexame internacional nos anos 90. E o mais legal: ver essa agenda voltar a dar as cartas sem ter tido um voto em urna para isso.
É tempo de maldade, Brasil! Porque o tempo de Lula passou! O tempo do PT acabou. E agora é tempo de maldade."
Não sei  o  que acontece   com o  povo brasileiro,  talvez a  frase  do  hino  nacional " deitado  em  berço  esplêndido.." tenha essa  explicação ,  essa passividade,  e  creio  até esse conluio  com  a coisa  errada faz  a gente  refletir,  e dizer :  realmente  nós merecemos esse  descalabro, não falo  aqui, dizendo  ou  me referindo a  esse  ou aquele  partido  político, eu  não estou  tecendo  crítica apenas e sim   uma constatação que  assusta,  também  não sou  doutor   em sociologia de massas para  dar  uma explicação  mais correta.
Eu falo  da  percepção  diária,  do  meu  caminhar   pelas  ruas,  conversando  com as pessoas, sentindo  o  coração  delas,  pois  só  conversando com  o  povo é que podemos ter  uma  noção  mais  real da  doença  que  está acometendo o povo.
Estamos  deixando  para os  outros, a direção de nossas  vidas,   de nossos  sonhos, do futuro  de  filhos e netos, pois  estamos abrindo  mão de nosso protagonismo.
Esses sintomas que na minha sensibilidade eu sinto é algo  triste pois, o  povo de uma nação  tem  que ser altivo,  brigar pelo  País, ser  em  última análise a bússola de seu caminho, e não deixar que  as coisas  morram,  pois, nada é definitivo,  só em  última análise,  a morte sim, não escaparemos.
O que se vê  em todo  lugar,  são homens,  grupos, de  toda a espécie brigando  por  seus  interesses  pessoais e  corporativos  e tirando  do povo  as  suas  conquistas.
Quando  um  presidente golpista,  na maior cara de pau do mundo, diz ao  mundo que  a presidenta do Brasil por não seguir  o  receituário  " uma ponte para o  futuro" que  foi  proposta,   e  ela não aceitou, ele  tornou-se presidente.
Você entendeu ? Ele  foi  claro ? Sim,  muito claro.
E agora ? Agora  está  essa inércia  que contagia,  o  povo deixou  sim que  golpistas tomassem o poder, rasgassem a Constituição e  estamos deixando nos atropelar, estamos perdendo o  nosso  respeito, talvez a gente goste de apanhar todos os dias e estávamos  com  a saudade da senzala e do sinhozinho.
Pensem  nisso enquanto eu  vos digo até amanhã.



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