sexta-feira, 19 de junho de 2020

EU VIVENDO A PANDEMIA

São noventa dias que estamos de uma maneira ou outra isolados e isolados a contra gosto.
Eu vivo essa panndemia do melhor jeito possível.
Cada dia que vou pra cama fico refletindo o dia que foi vivido, aliás passado, ainda em pé.
Não tem como não agradecer aos céus por ainda estarmos aqui, ainda ver minha filha, minha netinha, e fica aquela vontade de abraçar, beijar, mas só olhar , ouvir a voz atenua, nos acalma.
Somos latinos, temos o hábito do aconchego, do tocar, do beijar, do ajuntamento .
Faz falta e como faz falta o carinho, dos nossos.
Nao somos seres por nossa natureza para vivermos na jaula do isolamento , somos seres humanos que por natureza vivemos ajuntado, do toque, do abraço, em comunidade.
As noites são difíceis , mil pensamentos nos assombram , e com eles, os medos, os nossos medos, a insônia  muitas vezes companheira da solidão a sós, nos fragiliza , nos amedronta, nos deixa indefesos,como companhia temos  nossas máscaras, nosso álcool gel, o distanciamento exigido por autoridades sanitárias. 
E assim vamos na incerteza  nesse caminho da pandemia.
Na cama, esperando que o sono nos faça dormirmos para recuperarmos nossa energia combalida, um livro tenho como companhia para esvaziar essa tensão das horas.

Vivemos em completo caminhar escuro, não temos luz, temos incertezas, que nos acompanha .
O amanhã, as próximas horas, como será, estaremos aqui, veremos o sol novamente, verei os meus ?
Não sei, não sabemos , se vive numa roleta russa , ela está apontada em nossa cabeça.
Quando acordo, eu me toco, abro bem meus olhos e vejo que lá fora observo que os raios de sol brilham mostrando que tem  vida, "poxa tô vivo".
Mas a gente vive uma realidade , eu vivo, eu não a esqueço, quase 50 mil irmãos morreram, sem assistência, sozinhos , sem um ventilador para respirarem.
Só restando colocarem nas valas os corpos ceifados pela Covid-19.
Quase um milhão de infectados dizem as estatísticas oficiais.
Eu disse somos seres sociais, não somos seres para vivermos em isolamentos.
Somos seres que temos em  nossas patas, os passos para o caminho da vida em sociedade, somos seres solto das patas.
Imagine um cavalo preso, confinado por qualquer tempo, ao soltarmos desse confinamento , ele sai abanando orelhas, pateando a terra,  correndo no campo solto das patas .
Somos assim, é a natureza humana.
O que virá amanhã ? Não sabemos, é uma interrogação que apenas nos trás medos, incertezas.
O que também faz falta são os amigos, os parceiros, aqueles que dizem " estamos juntos" parece que esse termo não é bem assim .
Muitos desaparecem..somem.. embora saibamos que faz bem um contato, um oi..pois essa travessia enquanto estamos aqui é dolorosa. Sei, faz parte. É a vida!
Não é uma gripezinha. É um vírus fatal.
Temos sim, que nos mantermos o mais possível arejados principalmente em nossas cabeças.
É aqui na nossa "cuca" que muitos possíveis problemas de saúde começam.
A depressão é um exemplo, ela vem, não avisa, e o pior de tudo quando ela chega para fazer morada, e nao nos larga mais.
Hoje, é mais um dia que estamos aqui, esse dia que dentro do possível possa ser o melhor que possamos passar.
Tenho o chimarrão , companheiro diário que faz companhia, essa erva verde, que parece um campo , que parece nossas coxilhas  e me vejo sobre um cavalo, num galope, cruzando o vento solto das patas.
Que possamos lá na frente nos encontrarmos, darmos nossas risadas, falar dessas experiências em isolamento,  colocarmos nossas fofocas em dia.
Que esse sufoco,  todo passe e que possamos juntos agradecermos por podermos estar na luta e seguir nossos caminhos.

Pensem   nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...