segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O PODER DE UM JUIZ

                                                                                 Em  todo  cenário  democrático  que  se  vive  tem uma  via que  é  muito  importante  para todo o  cidadão, a  justiça.
                                                                                 É  na  justiça que  todos  os cidadãos  vão  buscar
os seus  direitos  em qualquer  disputa judicial e nesse campo  justiçal  há  várias  demandas  e todas  com
suas peculiaridades.  
                                                                                 Reflete  na sociedade  as  atitudes  do  juiz Sérgio Moro, no Paraná,  sobre  o  caso  da Petrobrás  e  os  vazamentos  dos depoimentos do funcionário que
tem  a  delação premiada como  prêmio  para   dizer o  que  sabe.
                                                                                Sobre  esse tema,  de alto  teor  explosivo  nas hostes
políticas e bem  no centro  de uma disputa  eleitoral  que uma atitude  de um  juiz  pode  interferir  na disputa
renhida  dessa  eleição para   presidente,  Luiz Nassif,  aborda o  tema  com  propriedade, e   eu repasso aos  que  me seguem,  eis:

Não confunda Sérgio Moro com Fausto De Sanctis

Uma pessoa é ela e suas circunstâncias. Um juiz é seu conhecimento e suas circunstâncias.
A Ajufe (Associação dos Juízes Federais), por eleição direta, indicou três juízes federais como seus candidatos para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Dois deles que viveram a circunstância de julgar processos que mexiam com as entranhas do poder: Sérgio Moro, que toca a Operação Lava Jato, e Fausto De Sanctis, que tocou a Satiagraha.
É importante entender a diferença entre ambos, na análise de suas circunstâncias.
As duas operações envolviam o mundo político-empresarial brasileiro, grandes empresas e pessoas ligadas a todos os partidos. Qualquer operador de mercado sabe que nesse submundo dos negócios do Estado navegam PT, PSDB, PMDB, PP e a rapa.
A diferença entre ambos é que, ao não privilegiar nenhum lado, De Sanctis ficou do lado da Justiça. Na Satiagraha as circunstâncias do processo o levaram a enfrentar TODAS as forças da República – governo, poder econômico, STF, grupos de mídia.
Suas investigações bateram em Daniel Dantas – apadrinhado por José Serra, Fernando Henrique Cardoso e grupos de mídia – e em José Dirceu – então todo poderoso Ministro-Chefe da Casa Civil. Enfrentou a fúria de Gilmar Mendes e o esvaziamento promovido na Operação pela própria Polícia Federal do governo Lula. Pode ser acusado de radical, jamais de oportunista.
Mesmo com exageros, em nenhum momento tergiversou ou escolheu qualquer lado que não fosse o da Justiça. Naquele momento, perante a consciência jurídica do país, elevou ao máximo o respeito pelos juízes federais de 1a Instância. Daí o justo reconhecimento da Ajufe ao seu trabalho.
Sérgio Moro também enfrentou suas circunstâncias.
Avançou em duas operações delicadas, estudou-as, entendeu sua abrangência, percebeu que atingiam todos os lados do espectro político. E se viu com o poder extraordinário de controlar as informações de um tema que mexe com a opinião pública e até com o processo eleitoral.
É nesses desafios que se identifica a têmpera e os compromissos de um juiz.
De Sanctis foi grande: não cedeu.
Sérgio Moro escolheu lado. Não pensou na Justiça e na imagem dos seus próprios colegas, juízes federais, que pouco antes o haviam escolhido como representante da categoria. Sequer pensou que a eficácia de uma operação contra o crime organizado reside em identificar todos os elos, todo o mundo político. Só assim haverá força política para promover mudanças que eliminem o mal.
Nessa hora, o campeão da luta contra o crime organizado, pensou apenas em si e decidiu ser peça decisiva em uma eleição que elegerá a pessoa – o presidente da República – que indicará Ministros ao Supremo. No momento em que o STF começa a se arejar com a discrição sólida de um Teori Zavascki, de um Luís Roberto Barroso, de Ricardo Lewandowski, de Celso de Mello, surge um candidato a novo Luiz Fux, um jovem Gilmar Mendes.
Então, para que não se cometa nenhuma injustiça em relação a De Sanctis, que se coloque a retificação. Um juiz é feito de conhecimento e de caráter. Juntando todas as peças, ele e Moro não são comparáveis.
Aliás, seria instrutivo algum tracking junto aos associados da Ajufe para avaliar quantos votos Moro perdeu ou ganhou com seu gesto.
Pensem nisso  enquanto  eu  vos  digo  até amanhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...