sexta-feira, 20 de março de 2020

TRISTE REALIDADE MUNDIAL

Não  imaginei  chegar  aonde  estou  chegando,  nessa  estrada  em  que  a vida  ainda  me leva.  Não  sei,  se a  amanhã, estarei aqui  vivo,  convivendo  com  os meus, com  as minhas  relações, com  filha, neta, família, e  ao círculo  que convivo,  longe ou perto.
Talvez seja  o  meu  último  escrito, e  se não  o  for, quem  sabe  no  outro  dia,  eu  estarei sendo  devorado pelos  vermes  da terra,  é o  círculo da vida. Sei  que é assim,  não tenhamos  dúvida disso.
O  mundo, está colhendo  o  que plantou, é simples  essa equação.
Um  mundo  materialista,  onde  o  ser humano é validado por suas  posses,  seu dinheiro  no  banco,  sua  mansão, aqui  e ali.
Somos, acumuladores, uns, da ganância  que o  dinheiro  pode  proporcionar, outros  e muitos   mais outros, somos acumuladores  de  grandes  pobrezas, de fome, sem destino, sem  perspectiva, sem  carinho, depósitos da  falta de gratidão, da falta de amor, de compartilharmos o  bem,  a todos,  sem olharmos  a sua cor, a sua  identidade.
Nesse  momento  em que   o  mundo  luta  pela vida, homens,  mulheres, nossos  filhos,  netos, nossas  famílias, seres  humanos  em  geral, vemos  o quanto  somos  pequenos,o  quanto  não  crescemos em  aprender  com  a verdadeira  escola  do muindo, "  a vida".
Estamos no  BRASIL,  eu  no  Rio   Grande  do  Sul, no  sul  do  País, você, na  Bahia, no  nosso maravilhoso  nordeste, você, no  sudeste, centro-oeste, no  Norte, na  bela Belém  do  Pará, enfim, em  cada quanto  do  BRASIL temos uma luta, um  vírus mortal, que já  matou  mais  de  7  mil   no  mundo  todo  e mata  a cada  piscar  de olhos.
Nesse  momento, que  escrevo aqui,  na  cidade  de  Santa Maria, pode ser o  último pó que  vai  timbrar minha  estada  aqui, mas digo  de todo  o  coração, se eu tivesse  o  poder  de algo  a  fazer por  meus irmãos, eu  o  faria, o  que faço  é muito  pouco, dentro  de minha realidade.
Nesse  mundo  onde  nos preocupamos,  com  bolsas, com  a subida do  dólar, com o PIB, esquecemos  das pessoas,  do  ser humano  que muitos  estão  perdidos, jogados a  esmo,  em  cada canto  do mundo,  em nosso  PAÍS  TAMBÉM, EM  NOSSAS  CIDADES TAMBÉM!
Eita mundo !  Eita vida!
Quando em  1855, o  cacique SEATLE, escreveu o  texto, relacionando o  homem  e  a terra,  a natureza, ele  estava  absolutamente  certo.
Os  índios  americanos  foram dizimados, aqui no  BRASIL,   muitos  foram  assassinados  e continuam  a serem  extintos.
Vivemos  num  mundo de aparências, mas  o  CORONA-VÍRUS,     não  é uma aparência, é  real  e mata !
O  mundo  talvez   esteja  se  dando  conta que  a realidade  é brutal.
Países,  estão escolhendo quem  vai  morrer  em leitos  de  hospitais, os  mais  velhos  estão  sendo  escolhidos para  irem  embora  desse  mundo, "lembro e como  não  lembrar,  de  milhares  e milhares  de  seres humanos  que  foram  escolhidos  para irem  para as câmaras de gás nazistas, nos campos  de concentração na  segunda guerra mundial.
Enquanto  houver, homens  que  comandam  o  mundo, e  esses  homens  não  pensarem,  no  bem  comum, no  ser humano, na nossa natureza, viveremos   constantemente   como  zumbis, pra lá  pra cá. Fugindo da morte ,  fugindo  do escuro,  isso  é  o  saldo  triste.
Os  falsos  profetas estão  ai, a cada  lugar, em  todo  lugar.
Quando  homens públicos pensam  em  si, nos holofotes, em  suas  prioridades  de ganância.  deixando  seu  povo a  mercê  do  que  pode vir  ali  adiante,  é muito  triste.
Tempos  de  ódio, intolerância, racismo, homofobia,  e  tudo  o que  degrada o  ser humano, brigas  de  seres  humanos, guerras, lá  e  cá,  devastação de florestas, dos rios, de nosso  habitat,  e  o pior  de tudo, perdemos  o juízo, a capacidade  de pensar, de reflexão, de não  sabermos  discernir, aonde,  para  onde, o  que  queremos, somos  em  suma, um  rebanho  que corre  para lá  e pra cá  e  não  tem  rumo  algum.


Se me perguntarem   como  me sinto, digo|: MUITO  TRISTE!
A gente perde, estamos  perdendo, uma  grande oportunidade  de nos aglutinarmos no  amor, com  partilhar, compartilhar  o melhor  de  nós.
É  como   perder  um  pedaço de nós, mas creio  que  vale  a pena,  ir em  frente, na luta  nossa de cada  dia,  e dizer: A luta continua, não  vamos  afrouxar  o  garrão.
Cuidem-se,  cuide de  si,  dos seus, de  amor,  espalhe  amor, espalhe fraternidade, de o  seu  melhor, ame..ame muito, só  isso  vale  a pena.  O  resto  é instante, somente  instante.
A plenitude  da vida  é  o  amor,  é o  amor  que nos  impulsiona pra  outros caminhos.
São tempos  duros  mas uma  corrente  de solidariedade, é  o  caminho para atravessarmos  essa pandemia  mundial. Não  vamos  desatar  nossos  nós, eles  podem  estar  distantes, mas  com  certeza   estão  no  nosso  coração, com  certeza  no  meu  está.
"Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
    Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
  Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."

Pensem   nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.

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