sábado, 13 de fevereiro de 2016

CANSEI

Por Sérgio Saraiva
Cansaço.
É o sentimento que me ocorre já há algum tempo quando leio as manchetes referentes a Lula e a Lava Jato. Não há mais nada a dizer, só o mesmo ramerrão do ensopado de Lula – amigo de Lula, filho de Lula, sobrinho de Lula, tríplex de Lula, sítio de Lula, barco de Lula. Quem quiser atualize a lista.
Tudo é nada. Escandalização e fumaça engarrafada.
Agora, novamente o repetido sarcasmo do juiz Moro: o anúncio da investigação sobre Lula foi “lançado automática e inadvertidamente”. Mas, já que está, fica. Prisioneiros cumprindo pena por presunção de culpa. Prova ilícita vale, escuta em cela de prisioneiro vale e o juiz natural nada vale. Ao “supremo” é dada a prerrogativa de errar por último. E quem erra por último, ri melhor.
Novamente às favas os pruridos da consciência e o Estado democrático de direito.
O "japonês da Federal" e os procuradores sapateiros indo além das suas tamancas.
Cansaço.
Lula foi presidente por oito anos, deixou o cargo há seis. Em oito anos de mandato quantos contratos foram negociados, quantos bilhões de reais estavam envolvidos? E o que se tem contra Lula? A reforma de um apartamento e obras em um sítio, nenhum dos dois de sua propriedade? Fosse ao menos o caso de um apartamento em Paris ou de um aeroporto particular, vá lá. Mas, um barquinho a remo?
Depois de tantos anos é isso? E é só isso? Isso é prova de honestidade. A quem isso ainda emociona? 
Cansaço.
A Lava Jato fez um belo trabalho, estabeleceu de forma didática como o financiamento privado das campanhas eleitorais era o cancro a partir do qual a corrupção generalizada é a sua metástase. A Lava Jato prendeu e processou os que corromperam, os que se corromperam e os que intermediaram a corrupção na Petrobras. Tivemos a chance de passar o Brasil a limpo. Permitimos que todo esse esforço fosse jogado fora devido à confluência do golpismo com a síndrome de abstinência de holofotes. E a Lava Jato passou a ser um bom negócio para os corruptos.
Cansaço.
Nardes, Cedraz, Eduardo Cunha. Coloque esses nomes em uma pesquisa aleatória na internet e veja quantas vezes eles aparecem associados ao termo “envolvimento em propina”. Pois, esses mesmos foram os varões Plutarco que capitanearam o processo de impeachment da Presidente Dilma. Como disse a própria presidente, em outra ocasião: ”estão todos soltos”.
Cansaço.
Youssef acusa Aécio de receber propina, Fernando Moura acusa Aécio de receber propina, Dimas Toledo está vivo e com saúde, pelo menos por enquanto, a Lista de Furnas é de domínio público. Cerveró deixa claro: 100 milhões de dólares para o governo FHC. E nada é investigado.
Cansaço.
A Operação Zelotes envolve grandes conglomerados econômicos e midiáticos e altos dirigentes do COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda. Bilhões de reais em sonegação de impostos, e a investigação se concentra em um patrocínio ao filho de Lula. Tratar-se-ia de um suborno pago com cinco anos de carência. Caso único em toda a história da humanidade.
Cansaço.
Por fim, as esperanças da nação se voltam para março. Então, novamente, os paneleiros de varanda gourmet. O povo branco de classe média e meia idade, em São Paulo e em Brasília, estará nas ruas pedindo “intervenção militar institucional”. Lá estarão o “vovô metralha”, o “Batman do Leblon” e a peladona “musa do impeachment” e o seu tapa-sexo. Mais um ou outro artista decadente e subcelebridades de igual glamour.
Oh, sim, eu estou tão cansado, mas não para dizer que eu não sou o vapor barato da república de hipócritas em que você tenta transformar o meu país.

PS1: “Vapor Barato” é uma canção composta por Jards Macalé e Waly Salomão. São dela os versos que abrem este texto.
PS2: não existe almoço grátis, o custo da República dos Hipócritas é um país com a sua economia paralisada e milhões de desempregados.
PENSE NISSO  ENQUANTO  EU  VOS DIGO  ATÉ AMANHÃ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O TEMPO

O TEMPO MOISÉS MENDES Para lembrar ou para esquecer no fim do ano: uma lista de fatos que parecem ter ocorrido anteontem. 11 de dezembro d...