domingo, 14 de janeiro de 2018

CHIMARREANDO NO CALOR GAÚCHO

Na sacada  do apartamento   sorvo    meu  chimarrão   que  entra  garganta    afora  como um  trem  desgovernado abrindo   caminhos  para  minhas  lembranças.
Olho  para   o  céu   e nuvens    negras   partilhadas  com   rasgos  de  sol, fazem  o  cenário   da natureza  que  meus  olhos  deslumbram.
Aqui    e  acolá  ,  vem  lembranças    à galope..de saudades...de  tudo  um  pouco.
Matear  solito  nos  trás nostalgias,   muitas  vezes   é triste   não  tendo   uma companhia para  nos acompanhar  nesse  ritual  gaúcho   que  encarna  a nossa  tradição .
Eu  sou um  gaúcho   teimoso,  chato, ranzinha...dizem. Será ? Eu    não  sei,  mas  muitas  vezes me  passo  a perguntar,  será ?
Um  outro  gole   sorvido   da  seiva  verde   gaúcha   me acalma,  me alivia  nesses  tempos  vividos.
Lá  atrás   revivo  sarandeios de chinas  com  seus  vestidos coloridos, fandangos abrilhantados   por  gaitas  choronas  em  companhias  de pandeiros   marcando vaneiras. E  a  china por  companhia na dança  tradicional  gauchesca  me leva  para  os sonhos sem porteiras,  sem aramados, sem  cercas, como  um  potro solto  das patas   em  campos gaúchos.
Os  segredos    de  quem  mateia   solito   só  o  gaúcho  sabe. Confesso   que em  dado  momento   há  vontade   de  gritar , sair  pela  boca  à fora  para  retumbar   em  coxilhas   em  campos  distantes.
Eita chimarrão macanudo ,  garboso, topetudo,   me leva  para   mundos ,  momentos   que não  vivi,  mas  hoje    nesse  matear   solito,  vem  como pingos  abençoados   que  bate na cara da  santa  chuva  que teima em  não  vir.
E  a  cuia, a bomba  tem  a digital   da  china   que ao  tocar  seus  lábios   marcam, delimitam , em  sonho  a sua  presença.
Começa  a ventar,  é prenúncio de  chuva, tempo feio, chuva para  molhar  a  terra  que o  gaúcho  do  campo  e cidade  esperam.
Minha Julinha , se  senta próximo  a mim, me  beija, e  agora  tenho  companhia  para  chimarrear.Aquela companhia  gostosa  que  nos faz  bem,  nos amansa,  nos ameniza, em  horas muitas  dessas  difícieis.
Olho  para o  seu  rostinho   e vejo    nela   que uma linda menina  cresceu..está  desabrochando..poxa..como o  tempo   passa  depressa.
É sinal   eu  sei ,  minhas  melenas  brancas, confesso  não  as  cuido,  marcam e sinalizam ,  o  trem  que  percorre, percorreu um  bom  pedaço da vida..
O chimarrão, na companhia de minha  netinha não  term  preço  é um encontro   gostoso   que  faz  sempre  bem,  nos revitaliza ,  nos energiza .
Cada sorvida,  cada gole nesse  chimarrear   tenho  a pretensão  de pedir  chuva.. ao  nosso  DEUS  para  molhar  a terra  calcinada   pelo  sol , o  campo   queimado   por  esses  calores que  parecem  que  vão  até  o  osso  da alma.
Então,  a música  novamente  entra  dentro  de mim,  num  cantar ..AH,EU  SOU GAÚCHO"!


Pensem  nisso  enquanto  eu  vos  digo  até  amanhã.





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