domingo, 12 de março de 2017

NEGUINHA DANÇADEIRA

O  baile  fervia  naquele  alvoroço  de bate  coxas,  no  salão do  seu  Totonho,  a  gaita   sorridente soltava seus  acordes  acompanhada  pelo  pandeiro  faceiro,  do  mulato  Juca,   no  outro canto do salão os acordes de  um  violão davam  o  tom faceiro de uma  vanera cuiúda que alegrava   as  chinas  e  os peões daquele lugar.
Nas  mesas  moças  com  seus   vestidos coloridos, com  flores  em  seus  cabelos, os  moços  com  seus  olhares   para  suas  prendas  preferidas.
O  salão  refletia o  sol    que ainda  teimava em brilhar, contrastando  com o  fumaceiro dos  cigarros, e  o  cheiro dos  perfumes   naquele  ambiente  faceiro.
Quando  a  gaita,  sapecava um  chamamé, a  Neguinha  Dançadeira, levantou e logo um  gaúcho, bem  pilchado   lhe abordava pedindo  a honra da  dança.
Era uma Negrinha, de beleza rara,  seus dentes que pareciam luzeiros  numa  noite pra  lá  de  escura,  seu  vestido lindo  de  um  vermelho, mesclado  com  branco, deslizava  suave, sobre o   seu  corpo, evidenciando   umas  lindas  ancas, que pareciam   coxilhas  num  retoço nos  pelegos.
Todos  estavam  boquiabertos  vendo  aquele  casal  dançando   aquele  chamamé, as  botas riscavam o  piso  de madeira do salão, era uma  sintonia  bonita  de ver.
Os cabelos  da Neguinha,  com uma fita  vermelha   sobressaia-se  sobre aquele  local alegre, cheio  de gente bonita.
Cada movimento da Neguinha, com  aquele  sorriso  lindo, aquela alegria contagiante, era compartilhado  com  sua  elegância e  seu  recavém que  balançava ao  som da música gaúcha.
Outros  casais,  se misturavam   naquela  alegria,  naquele  fandango  gaúcho.,  as  algazarras nas conversas,   olhares  de moços e  moças  procurando  o  seu par,  os  cochichos .
No  meio  do  salão,  a  Neguinha,  contagiava a todos  com  sua  dança  e o   baile atravessava a noite.
Uma  pausa, pra  alimentar as  bichas, um  café com  bolo  frito, salame, mortadela,ou a preferência   pra comer  um  carreteiro  numa panela   de  ferro.

A gaita choramingava  acompanhada pelo  pandeiro, já  se  adivinhando que o baile  iria  até o  sol  aparecer, e  o  salão  apinhava de gaúchos e  gaúchas,  naquele  entrevero de um  baile gaúcho.
E  a Neguinha ?  Bah!!! A  Neguinha foi  a  dona  da  noite, só  foi  parar  quando  foi  convidada  para  ir  para  os pelegos ,  também  pudera  parceiro,  era  uma  noite  estrelada, e o  convite   para o  amor  já  estava  dado.
Pensem   nisso  enquanto  eu  vos  digo  até amanhã.

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