É o frio gaúcho lá fora, ajudado por um ventito que parece que vai abrir nossa pele, e chega a doer.
Minha cabeça abre os filmes que estão em mim, uns coloridos, outros em preto e branco, uns com áudios outros não, e assim, a tarde vai caindo, dando passagem pra noite mais fria que vai se aproximando.
Lembranças, momentos, eternos momentos, poucos momentos, mas momentos vividos que o tempo não descolorou na minha memória.
Lá atrás ,a minha Totó, de cor amarronada,minha cachorrinha, que era o meu mimo, foi o primeiro bichinho que tive quando criança, e depois, quando eu tinha 11 anos, ela morreu, ela morreu de saudade, eu morava no Rio de Janeiro, e ela tinha ficado na casa do meu tio-padrinho, Peri, não esqueço desse dia, ainda moleque, senti muito a morte da Totó, ela morreu em São Gabriel, já estava velhinha segundo os meus tios, mas foi minha companheira de todas as horas.
Vem, um filme de uma pracinha, que era chamada, da pracinha do amor na minha cidade natal, lá conheci minha primeira namorada, ela era babá, foi naqueles bancos que o primeiro beijo aconteceu, gurizote, sabe, aquele namoro gostoso, nos encontrávamos quase todos os dias, e eu ajudava ela a empurrar o carrinho do bebê .
Minha namorada, era uma guria, simples, muito pobre, mas o tempo e as circunstâncias nos afastaram, éramos jovens, se tinha lá dentro da gente, sonhos, e quem os não tem, não é mesmo?
Hoje, fico a pensar, a perguntar ao tempo, aonde ela está hoje? Por onde andas ?
Faz tempo, nunca mais nos vimos, nos perdemos nos sonhos de guri e guria.
o tempo, e naquele tempo, era diferente o namoro, eu muito tímido, custei a dar o primeiro beijo nela, rsrsrs, hoje, bem, hoje, tudo é rápido, começa rápido e termina rápido.
Um dia como hoje, na fazenda do meu tio Peri Quadros, ele disse pra mim, "" julinho vamos lá no mato cortar lenha, eu franzininho, ia ao lado do meu tio um homem forte, rude, esfolado pelo tempo, mas um homem maravilhoso, curtido pela vida, um homem forte,trabalhador, ele com o machado na mão, e aquele frio cortava, chegamos então próximo a um açude, e o meu tio começou a preparar a lenha, e após esse preparo da lenha, o meu tio olhou pra mim e disse: julinho, vamos tomar um banho pra refrescar, levei um susto, naquele frio, de junho, meu tio começou a se despir, e eu um guri de cidade, que passava as minhas férias de colégio, sempre na fazenda dele, não queria mesmo, enfrentar aquela água, fria demais, e o meu tio, vamos meu filho, tira roupa, vamos entrar na água,
Ele dizia temos que aprender sermos machos desde cedo, a vida é uma luta, temos que lutar sempre.
Me fui pra água, até pra mostrar pro meu tio que eu era macho, sabe, essas coisas de guri.
Nas minhas retinas, as lembranças passam, e eu não esqueço do meu chimarrão.Eu aprendi muito com o meu tio, talvez ali, eu comecei amar, a minha terra, o meu Rio Grande do Sul e esse gosto da terra, do cheiro do campo, de gostar de cavalos, buscar o gado na invernada, plantar, marcar gado, apojar nas mangueiras, nas madrugadas, com certeza tinha a assinatura do meu tio.
Agora, a gente se emociona, e pra continuar não consigo, apenas que fica uma puta saudade, uma saudade gostosa, que dói, porque eu queria viver tudo isso de novo.
Talvez a idade nos deixam emotivos demais, mas tudo isso são vivências que eu vivi e relembro, no meu matear solito, e agora, chegou a noite, e sopra, um minuano, lascando a nossa pele.
Uma pausa do chimarrão, e vamos em frente.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
É Primo, Tú eras o Magrela da Turma. Mas relembrando o nosso Tio Peri, já escrevi: Se tivesse acesso ao ensino, seria um Doutor. Pois na simplicidade dele, em que a enxada era sua "caneta" nos relatava cada espécie de cultivares na sua olericultura. Nós tivemos uma Bela e Farta Infância.
ResponderExcluirÉ Primo, Tú eras o Magrela da Turma. Mas relembrando o nosso Tio Peri, já escrevi: Se tivesse acesso ao ensino, seria um Doutor. Pois na simplicidade dele, em que a enxada era sua "caneta" nos relatava cada espécie de cultivares na sua olericultura. Nós tivemos uma Bela e Farta Infância.
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