Porque Dilma Roussef pode ganhar a eleição presidencial do Brasil
Esse artigo foi escrito por Mark Weisbrot e publicado em theguardian.com, na quinta-feira, dia 2 de outubro de 2014 às 12.13. A tradução é minha.
O país tem problemas largamente relatados, mas os progressos na renda e nas condições de muitos trabalhadores significam que muitos brasileiros foram bem na última década.
Quando a desafiante Marina Silva passou à frente da presidenta em exercício Dilma Roussef nas pesquisas, há algumas semanas, houve muita excitação na imprensa de negócios norte-americana e nos mercados financeiros brasileiros.
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma Roussef está no poder há 12 anos e muitos ricos e poderosos estavam prontos para uma mudança. A sorte parecia favorecê-los: a economia brasileira, tendo desacelerado consideravelmente nos últimos anos, oficialmente entrou em recessão neste ano – fato que indicaria o fim para muitos presidentes em exercício. Antes disso, houve protestos de rua contra o aumento do transporte público e os gastos do governo com a Copa do Mundo, evento que terminou em desastre com a derrota humilhante de 7 a 1 da seleção nacional nas mãos da Alemanha.
No entanto Roussef ressurgiu de cada golpe e, agora, parece destinada a chegar à frente, tanto no primeiro quanto no segundo turno da eleição. Como isso aconteceu? Se ela for reeleita, pode ser porque a maioria dos brasileiros está olhando para a história de 12 anos de seu partido e, para quem tem idade ou estudo para saber, comparando esse período com o passado. Para a vasta maioria, as mudanças foram impressionantes.
Mesmo com a desaceleração dos últimos anos, e a recessão mundial de 2009, o PIB brasileiro per capita cresceu uma média de 2,5% ao ano entre 2003 e 2014. Isso é mais de três vezes a taxa de crescimento dos dois mandatos antecedentes do presidente Fernando Henrique Cardoso, que implantou políticas do “Consenso de Washington” e permanece na posição de estadista preferido na capital norte-americana. Antes de Cardoso houve uma década e meia de fracassos econômicos ainda piores, em que, na verdade, a renda per capita caiu.
Essa volta ao crescimento, agregado ao uso pelo governo de receitas maiores para impulsionar os gastos sociais, reduziu a pobreza em 55% e a extrema pobreza em 65%. Para aqueles em situação de extrema pobreza, o programa, reconhecido internacionalmente, de transferência condicional de renda do governo – Bolsa Família – supriu 60% de sua renda em 2011, saindo de 10% em 2003. Um crescimento robusto no salário mínimo – 84% desde 2003, depois de ajustado à inflação- também ajudou bastante.
O desemprego caiu para o ponto mais baixo da história em 4,9%; estava em 12,3% quando Lula assumiu em 2003. A qualidade dos empregos também subiu: o percentual de trabalhadores presos ao setor informal da economia contraiu de 22% para 13%. A distribuição de renda do Brasil continua uma das mais desiguais do mundo, mas houve significativo progresso nessa área também. De 2003 a 2012, os 40% da população de renda mais baixa quase dobrou sua participação no renda do país
Porém, não é somente o bem-estar dos pobres que melhorou: com uma renda familiar média de apenas 800 libras (N do T: em reais a média a renda média mensal domiciliar no Brasil correspondeu a R$ 2.983 mensais em 2013), a grande maioria dos brasileiros foi beneficiada por salários crescentes, contração do desemprego e pensões significativamente maiores do que ocorreu na década anterior.
Do ponto de vista das elites, esses ganhos que os trabalhadores comuns tiveram não constituem uma notícia muito boa. Uma lei, que requer que empregados domésticos – existem muitos no Brasil graças à esmagadora desigualdade – sejam tratados como empregados formais, com máximo de horas de trabalho, salário mínimo e seguridade social, foi outra amolação para aqueles que “tem”.
A narrativa contrária, de que o país sob o PT está no caminho da ruína, tem preenchido a mídia brasileira, cuja maioria é contra o governo, e também a imprensa internacional. Nessa visão, a economia desacelerou porque o governo não é suficientemente amigável aos negócios. A inflação, atualmente no topo da meta, é muito alta, impulsionada pelo mercado de trabalho que é visto como muito apertado e o governo, argumentam, precisa cortar gastos. Outro tema dos opositores na última eleição, que foi ressuscitado recentemente, é que o Brasil deveria ser mais amigo dos Estados Unidos e de sua política externa altamente impopular na região.
A realidade em torno da política econômica no Brasil é que o governo, desde o final de 2010, tem ouvido muito a “alta finança”, aumentando juros e cortando gastos quando a economia estava muito fraca. Espera-se que esses erros não sejam repetidos
Se Dilma vencer, será porque a maioria dos brasileiros recebeu muito daquilo queria ao elegê-la em 2010. Eles querem mais, e devem mesmo querer – mas é improvável que optem por uma volta ao passado.
Penso que sempre devemos refletir sobre diversos temas, pois nenhum assunto é
acabado e finalizado, que não possamos melhorar, repensar o seu final.
E assim é na política, ou melhor quando analisamos, governos para fazermos nossas
avaliações, sobre como se comporta, como se comportou.
Estamos no domingo decidindo no Brasil um tipo de governo, que vai estar no poder
um que o p ovo já conhece o seu modo, e o que ele representa em si, para o trabalhador
e o outro que não se sabe o que ele trará.
Por isso a responsabilidade do voto, pois o voto é uma arma que podemos usar bem ou mal.
Pense nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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