MORTE E VIDA!

Pensar na morte muitas vezes nos dá  uma sensação difícil de explicar, ainda mais quando nós tateamos, a mão no nosso corpo, quando sentimos o bater do coração,  a pele que cobre nossa carcaça,  os cabelos que estão  brancos,  a memória que não é  a mesma, as lembranças que passeiam em nós e outras cositas.
Voltamos lá atrás de toda caminhada que se percorreu.
Aquele abraço  do filho, da filha, da neta , da família, dos momentos bons que se viveu, outros nem tanto.
Os amigos que hoje não estão  mais presentes, outros que já se foram, e assim, nas lembranças,  vamos ruminando aqui e ali, cada gota de vida.
Sempre  passa pela cabeça  a gente querendo mais vida, pois cada minuto é  importante.
Ela está ai..às vezes, não percebemos.
Vejo um passarinho que vem beijar a sacada, me olha, vejo aquele bichinho, que me olha com ternura, com um carinho que me amansa.
Logo ele dispara,  parece que já  se despediu.
Lá  fora vejo o brilho  claro da lua, uma lua imponente.
Como é  linda a noite !
To  pensando em mim, me relatando pra mim, me confessando, abrindo o meu eu..abrindo as gavetas que nunca abri.
Me percorre um gelado de cima a baixo no meu corpo de muitas caminhadas.
Tanta coisa eu fiz, faltou coisas que não  fiz, fracassos muitos, algum lume de algo alcançado.
Nunca quiz mais do que podia, não sei se foi um erro meu.
Viajei muito..por aí, outras viagens não fiz, muito quiz.
Um gato preto na companhia de uma gata branca vejo na porta da sacada  do apartamento vizinho, será  presságio ?
Tudo é  vida, tudo salta no meu olhar depois fica uma sensação  de incognita ,pois os proximos passos nao sei, se caminharei.
Pego a cuia do meu chimarrão, nele sorvo a seiva gaúcha que me enche de minha raiz, do meu rincão gaúcho.
Ah...quantas mateadas solito, a gente lembra, das cavalgadas, do gado no campo,  lá  fora , na fazenda do vovô Hildebrando, do tio Peri, o campo toma conta de mim, como adivinhando de um abraço  que eu preciso.
De repente, vejo um barulho,  lá  fora, e desperto dessas reminiscências tipo uma despedida.
Lá  fora onde eu moro,  tem um sabiá  cantador...

Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.