A face carregada de estradas visitadas, caminhadas.As melenas sem corte desalinhadas sobressaindo a brancura que o tempo tingiu. O espelho me mostra como estou. Um homem que está triste se sentindo só. Há muito tempo não sei o que é sorrir . Minha alma está desbotada, triste, sem brilho , esta mofa como um saco velho sem serventia.
Dou um tapa no meu rosto e ele fica teso, parado, incrustado na sua insignificância , sem reação alguma , sem ação.
O espelho me examina e ao mesmo tempo vejo as minhas marcas deixadas em mim, dentro das gavetas da minha alma.
Olho pra frente me vejo, sentindo meus passos congelados, o corpo doído , querendo ser aquecido para ser energizado, e não ficar imóvel, quieto.
O espelho continua me vendo, me observando e fico com vergonha de nele me olhar, me encarar.
Medo de me expor nu e estar completamente paralisado. Estou só, eu e o espelho que me examina como um médico fazendo um diagnóstico . E tenho medo desse resultado, tenho medo desse laudo.
As vezes penso que o tempo acabou pra mim e ficam apenas resquícios de algum tempo que ainda sobrou pra mim, será?
Paro, imóvel, fixo no espelho como acorrentado naquele reflexo da imagem e no meu desespero do amanhã que não vejo, então dou um soco na imagem refletida pelo espelho, e vejo minha mão ferida, correndo entre dedos, sangue, logo penso, "sangue é vida".
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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