Um cão entra na sua casa e a sua vida vira de patas para o ar. A rotina se modifica pela obrigação de sair para as caminhadas diárias, para os encargos semanais com banho,ração, roupas, acessórios, veterinário,festinhas dos amigos da pracinha, dos pacientes da clínica, vem a caminha, os potes de ração e água, e tantas novidades que acompanham esta verdadeira Caixa de Pandora.
Nos últimos dias, andei por São Paulo e observei bem de perto o mundo pet por ter convivido com donos de cães. Uma coisa que me chamou a atenção foi a incidência de novos profissionais trabalhando na área, tais como: dentista, fisioterapeuta,treinador, que não é mais o adestrador, mas o preparador físico, nutricionista, ortopedista, embelezador, cuidador, passeador, segurança, motorista, entre outros.
Nesta minha andança, conheci dois farmacêuticos trabalhando exclusivamente para cães e gatos, sendo um deles especializado em homeopatia e medicina natural. No estabelecimento, funcionava uma academia de judô para cães, e uma butique repleta de acessórios que iam de boné, mochilinha com bolsos externos para carregar água, saquinhos plásticos, brinquedos e outras bugigangas. Ali também estavam expostos carrinhos semelhantes aos de bebê, de diversas cores, estampas e tamanhos, etiquetados "cão" ou "gato" seguido da expressão: enorme,grande, médio, pequeno e mini.
Como meus amigos perceberam , meu interesse , pelo que, para mim, era um novo mundo, passou a me mostrar muito do que é feito em São Paulo com ou para os pets.
Naqueles dias visitei hospitais que estão se abrindo para a visita dos cães( desde que tenham o cartão do banho, da vacina e a liberação do veterinário). Fui a escolas com atividades em salas de aula mediadas por cães. Conheci creche para cães de pequeno porte funcionando em turno integral , meio turno e duas horas. Andei por academias com esteiras e outros aparelhos adaptados para cachorro com o profissional para treiná-lo etc.
O que mais me chamou a atenção foi o asilo para cães. Sabia que há gente que descarta pessoas velhas. Agora constatei que também tem quem descarta os animais de estimação envelhecidos. Aliás, perguntei a muitos donos de animais o que eles fazem com o seu bichinho quando ele envelhece, e tive respostas bem surpreendentes , foram desde cuidar e assistir até a morte, a abandonar numa igreja, propor eutanásia, ou levar para o asilo.
Aí, constatei que um animalzinho desses que passa a vida sendo companheiro, parceiro silencioso,cúmplice, e em certos momentos a única presença viva na casa, no final de seus dias recebe o mesmo tratamento de muitos humanos que, ao envelhecerem são despojados de suas coisas, de sua casa, de sua gente e levados/abandonados numa instituição .
Cá pra nós, diante desta situação , quem é o cachorro ?
CARMEN MARIA ANDRADE -
professora universitária
DIÁRIO DE SANTA MARIA - 03 E 04 DE FEVEREIRO DE 2018
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
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