A praça é de todos nós, ela sempre deixa o compartilhar dela para que possamos curtir sua beleza, sua hospitalidade, e nos seus balanços, brinquedos, soltar nossas asas, hoje adulto para um pouco mais sermos de novo crianças.
O sol da manhã, o céu azul, lindo como uma pintura de magia, emoldurando a natureza acompanhada por pássaros, as borboletas visitando suas flores, dando um ar de beleza rara, nesse dia, na linda e saudosa praça da Matriz.
E eu com o meu chimarrão sorvendo o líquido verde, junto aos meus pensamentos de antanho , a minha saudade dormida e vi naquele homem de aparência triste, pequeno, magro, com um olhar ao longe sentado no banco da praça e eu não pude me conter , tive necessidade de chegar até ele, pra prosear, pra dentro de mim, também, não me sentir tão só.
Pois não sei porque, estivemos bem a vontade, parecíamos que nos conhecíamos de muitos invernos.
O passar dos nossos anos em nossos lombos de tantas caminhadas, , nos trazem marcas do tempo que passou e se viveu.
E , eu tenho certeza que ele sentado ali, naquele banco amigo, já esfolado do tempo, com certeza, já deve ter presenciado muitas histórias, histórias de vida, de amor, saudade, de todo o tipo que cada um carrega no seu coração, sei que o banco de uma praça é também um bom conselheiro daquelas horas, que precisamos falar, desabafar, chorar.
Com a cuia na mão, me aproximei daquele homem que o tempo, o deixou frágil, mas no tempo que nós conversamos, falamos de tudo, família, filhos, netos, amores, da namorada que foi embora, de amores mau resolvidos, dos amores que estão batendo no coração.
Conversamos, dizia a ele que aquela praça era um pedaço meu , que ali meus passos, meus sonhos, minha vida, percorreram em tempos passados.
Eu estava ali curtindo uma saudade que meus olhos como que um retrovisor me mostravam a cada canto que eu olhava daquele lugar tão especial.
A natureza, as árvores floridas, pombos, pássaros, mães com seus pequenos , homens e mulheres ali, comungando aos seus modos , os seus momentos, compartilhando e partilhando seus sonhos, lembranças, quimeras de ontem e de hoje, que cada um de nós carregamos em nosso coração.
Esse encontro me fez revitalizar, cada momento meu, e a certeza que nossa vida é a soma de nossas experiências, daquilo que vivemos, amamos, sofremos, choramos, sorrimos, nossas saudades, a saudade de cada um, a vida de cada um, nossos amores, e desamores que também estão em nossos corações.
A nossa vida sim é, a soma daquilo que vivemos com o coração., pois, uma vida sem coração é como um sol sem calor, , é como uma lua sem clarão, uma estrela sem brilho.
Eu me vi naquele senhor, talvez pensando lá adiante pois, nós nunca imaginamos o que a vida nos reserva, o ciclo vital da vida é nascer, viver e morrer.
O que me chamou atenção quando conversávamos foi o que ele me disse, com a voz embargada: " tenho 86 anos, e não gosto que me chamem de idoso".
Perguntei a ele o porque e ele me disse; " eu fico triste"
Fiz, um contraponto a ele, porque senti na sua voz, uma tristeza, como que não aceitando, o passar dos anos.
Disse a ele: "somos a todo o momento em nossas vidas rotulados disso e daquilo mas o que importa é a vida digna que se vive, e o legado melhor possível aos nossos que ficam" e ele me respondeu, " é verdade amigo ".
Falamos por um bom tempo e aquele bate-papo amigo, foi bom demais, gratificante, unir sentimentos , sensibilidades, nos fortalece, nos engrandece e nos aprimoramos como seres humanos com todo esse enriquecimento humano, é gostoso demais.
Ao nos darmos um até breve, saí com a sensação que o ser humano tem sua força alicerçada no seu coração e só o bem querer que existe em cada um de nós, é o que nos faz acreditar num mundo melhor e na vida.
E eu, por ser um sonhador, eu acredito.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
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