"Acorda, Brasil! Hoje é tempo de maldade. E todos os dias desse tempo serão dedicados à maldade. É tempo de ver a maldade acontecendo e não dizer nada porque não é com a gente, ou de comemorar, porque é maldade contra gente de quem a gente não gosta. É tempo de proclamar herói nacional a um juiz de primeira instância que tira fotos com políticos de direita e persegue políticos de esquerda, que ganhou prêmio da Globo, que mandou prender por engano a cunhada de João Vaccari mas não conseguiu intimar a depor Cláudia Cruz, a esposa de Eduardo Cunha; tempo de bater no peito e dizer que defende a operação Lava jato "doa a quem doer", mas fazer de conta que não sabe quantos denunciados nas delações premiadas ocupam cargo de primeiro escalão no governo golpista e de não querer saber porque é que eles não são importunados pelo Ministério Público, pela Polícia Federal ou pela Justiça. É tempo de esperar o Lula ser preso e de nem perguntar porque o Aécio ainda não foi "comido".
É tempo de anistiar caixa 2 eleitoral e criminalizar apenas o PT por uma prática que corroeu todo o sistema representativo; tempo de ver o Congresso aprovar lei autorizando expressamente o governo usurpador de Michel Temer a praticar as "pedaladas fiscais" que mal justificaram a deposição de Dilma Rousseff. Tempo de ver a mesma imprensa que, dia sim, outro também, descia o sarrafo no Governo Federal quando este cometia erros na política ou na economia – e quando acertava também – dizer que "o maior problema do 'governo Temer' é a comunicação".
É tempo de tirar selfie no aeroporto com Eduardo Cunha, contra quem existem provas documentais de ser "usufrutuário" de contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro de corrupção, e celebrar a polícia invadindo o centro cirúrgico de um hospital – durante uma cirurgia! – para prender Guido Mantega, um homem que, entre outras coisas, garantiu uma política de pleno emprego no Brasil no momento mais duro da crise econômica mundial – e contra quem não há prova alguma de crime, mas apenas citação no depoimento de um criminoso confesso e que, como já foi avisado por porta-vozes da operação Lava Jato, seguirá livre. E rico.
É tempo de ver aquele PM gente boa, que comeu churrasquinho de gato com a gente na passeata pelo impeachment, esculachar e humilhar camelô na passeata dos mortadelas, baderneiros e petralhas. E ir pra rede social repetir o que leu na Veja: que "a polícia militar é a democracia de farda". De chamar política social de "comunismo", chamar nazismo de "comunismo", e qualificar qualquer defesa de igualdade social de coisa de "comunista". Mandar a História às favas e garantir que o "comunismo matou mais gente do que aquele meteoro matou de dinossauro". É tempo de desqualificar qualquer debate e cassar opiniões de qualquer um que se declare de esquerda. Se for do PT, aí é caçar mesmo, com cedilha.
É tempo de maldade. Tempo de, enfim, mostrar à sua copeira, cozinheira, camareira, ama-de-leite, mordomo, motorista, porteiro, jardineiro, caseiro, zelador – e aos filhos de todos eles – que não é com "bolsa-isso" ou "bolsa-aquilo" que se chega a lugar nenhum, mas com "esforço próprio e muito trabalho". De dizer a eles que a sociedade tem uma "ordem" que deve ser respeitada, que não pode ser "essa bagunça", não. Que o certo não é "dar o peixe", e blá, blá, blá... e que você aprendeu que isso se chama "meritocracia".
É tempo de chamar de "atraso" a legislação trabalhista e de "modernidade" uma jornada de trabalho de até 12 horas diárias. De mudar as regras da previdência e adiar a aposentadoria do cidadão comum, mas manter privilégios de políticos, magistrados e militares. De defender cobrança de mensalidade em universidade pública e convocar o Alexandre Frota pra dar um jeito na educação brasileira, livrando-a das ideias perniciosas de um tal de Paulo Freire.
É tempo de ver um sujeito que comprou votos no Congresso Nacional, para mudar a Constituição e poder se candidatar de novo ao mesmo cargo – o de Presidente da República –, sair em capa de revista dando lição de moral em quem, tendo a maior popularidade da história, jamais pensou em mudar qualquer lei para ter direito a mais mandatos ou qualquer benefício pessoal. É tempo de ver Lula denunciado por um apartamento que seus acusadores não conseguem provar que é dele, e o sujeito apontado como verdadeiro dono de um apartamento em Paris e acusado de usar uma empresa concessionária de seu governo para mandar mesada para um filho no exterior, dar lição de moral em Lula.
É tempo de ver voltar à agenda nacional o receituário que quebrou o país por três vezes em sete anos, que produziu o maior índice de desemprego de nossa história e que fez do Brasil um vexame internacional nos anos 90. E o mais legal: ver essa agenda voltar a dar as cartas sem ter tido um voto em urna para isso.
É tempo de maldade, Brasil! Porque o tempo de Lula passou! O tempo do PT acabou. E agora é tempo de maldade."
Não sei o que acontece com o povo brasileiro, talvez a frase do hino nacional " deitado em berço esplêndido.." tenha essa explicação , essa passividade, e creio até esse conluio com a coisa errada faz a gente refletir, e dizer : realmente nós merecemos esse descalabro, não falo aqui, dizendo ou me referindo a esse ou aquele partido político, eu não estou tecendo crítica apenas e sim uma constatação que assusta, também não sou doutor em sociologia de massas para dar uma explicação mais correta.
Eu falo da percepção diária, do meu caminhar pelas ruas, conversando com as pessoas, sentindo o coração delas, pois só conversando com o povo é que podemos ter uma noção mais real da doença que está acometendo o povo.
Estamos deixando para os outros, a direção de nossas vidas, de nossos sonhos, do futuro de filhos e netos, pois estamos abrindo mão de nosso protagonismo.
Esses sintomas que na minha sensibilidade eu sinto é algo triste pois, o povo de uma nação tem que ser altivo, brigar pelo País, ser em última análise a bússola de seu caminho, e não deixar que as coisas morram, pois, nada é definitivo, só em última análise, a morte sim, não escaparemos.
O que se vê em todo lugar, são homens, grupos, de toda a espécie brigando por seus interesses pessoais e corporativos e tirando do povo as suas conquistas.
Quando um presidente golpista, na maior cara de pau do mundo, diz ao mundo que a presidenta do Brasil por não seguir o receituário " uma ponte para o futuro" que foi proposta, e ela não aceitou, ele tornou-se presidente.
Você entendeu ? Ele foi claro ? Sim, muito claro.
E agora ? Agora está essa inércia que contagia, o povo deixou sim que golpistas tomassem o poder, rasgassem a Constituição e estamos deixando nos atropelar, estamos perdendo o nosso respeito, talvez a gente goste de apanhar todos os dias e estávamos com a saudade da senzala e do sinhozinho.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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