Talvez seja o meu último escrito, e se não o for, quem sabe no outro dia, eu estarei sendo devorado pelos vermes da terra, é o círculo da vida. Sei que é assim, não tenhamos dúvida disso.
O mundo, está colhendo o que plantou, é simples essa equação.
Um mundo materialista, onde o ser humano é validado por suas posses, seu dinheiro no banco, sua mansão, aqui e ali.
Somos, acumuladores, uns, da ganância que o dinheiro pode proporcionar, outros e muitos mais outros, somos acumuladores de grandes pobrezas, de fome, sem destino, sem perspectiva, sem carinho, depósitos da falta de gratidão, da falta de amor, de compartilharmos o bem, a todos, sem olharmos a sua cor, a sua identidade.
Nesse momento em que o mundo luta pela vida, homens, mulheres, nossos filhos, netos, nossas famílias, seres humanos em geral, vemos o quanto somos pequenos,o quanto não crescemos em aprender com a verdadeira escola do muindo, " a vida".
Estamos no BRASIL, eu no Rio Grande do Sul, no sul do País, você, na Bahia, no nosso maravilhoso nordeste, você, no sudeste, centro-oeste, no Norte, na bela Belém do Pará, enfim, em cada quanto do BRASIL temos uma luta, um vírus mortal, que já matou mais de 7 mil no mundo todo e mata a cada piscar de olhos.
Nesse momento, que escrevo aqui, na cidade de Santa Maria, pode ser o último pó que vai timbrar minha estada aqui, mas digo de todo o coração, se eu tivesse o poder de algo a fazer por meus irmãos, eu o faria, o que faço é muito pouco, dentro de minha realidade.
Nesse mundo onde nos preocupamos, com bolsas, com a subida do dólar, com o PIB, esquecemos das pessoas, do ser humano que muitos estão perdidos, jogados a esmo, em cada canto do mundo, em nosso PAÍS TAMBÉM, EM NOSSAS CIDADES TAMBÉM!
Eita mundo ! Eita vida!
Quando em 1855, o cacique SEATLE, escreveu o texto, relacionando o homem e a terra, a natureza, ele estava absolutamente certo.
Os índios americanos foram dizimados, aqui no BRASIL, muitos foram assassinados e continuam a serem extintos.
Vivemos num mundo de aparências, mas o CORONA-VÍRUS, não é uma aparência, é real e mata !
O mundo talvez esteja se dando conta que a realidade é brutal.
Países, estão escolhendo quem vai morrer em leitos de hospitais, os mais velhos estão sendo escolhidos para irem embora desse mundo, "lembro e como não lembrar, de milhares e milhares de seres humanos que foram escolhidos para irem para as câmaras de gás nazistas, nos campos de concentração na segunda guerra mundial.
Enquanto houver, homens que comandam o mundo, e esses homens não pensarem, no bem comum, no ser humano, na nossa natureza, viveremos constantemente como zumbis, pra lá pra cá. Fugindo da morte , fugindo do escuro, isso é o saldo triste.
Os falsos profetas estão ai, a cada lugar, em todo lugar.
Quando homens públicos pensam em si, nos holofotes, em suas prioridades de ganância. deixando seu povo a mercê do que pode vir ali adiante, é muito triste.
Tempos de ódio, intolerância, racismo, homofobia, e tudo o que degrada o ser humano, brigas de seres humanos, guerras, lá e cá, devastação de florestas, dos rios, de nosso habitat, e o pior de tudo, perdemos o juízo, a capacidade de pensar, de reflexão, de não sabermos discernir, aonde, para onde, o que queremos, somos em suma, um rebanho que corre para lá e pra cá e não tem rumo algum.
Se me perguntarem como me sinto, digo|: MUITO TRISTE!
A gente perde, estamos perdendo, uma grande oportunidade de nos aglutinarmos no amor, com partilhar, compartilhar o melhor de nós.
É como perder um pedaço de nós, mas creio que vale a pena, ir em frente, na luta nossa de cada dia, e dizer: A luta continua, não vamos afrouxar o garrão.
Cuidem-se, cuide de si, dos seus, de amor, espalhe amor, espalhe fraternidade, de o seu melhor, ame..ame muito, só isso vale a pena. O resto é instante, somente instante.
A plenitude da vida é o amor, é o amor que nos impulsiona pra outros caminhos.
São tempos duros mas uma corrente de solidariedade, é o caminho para atravessarmos essa pandemia mundial. Não vamos desatar nossos nós, eles podem estar distantes, mas com certeza estão no nosso coração, com certeza no meu está.
"Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:
"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem. Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo. Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende. Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro. Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra. Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso. De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência. |
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã. |
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