Hoje,recordo de um baile que eu e meu querido amigo Paulo Marques, agropecuarista, morador da Terra dos Marechais, São Gabriel, um cara legal, um homem bom, adora tomar um bom vinho, um copo,dois,três. ..Bah..!
Mas vinho é bom , não é mesmo?
Estávamos na fazenda dele e ele que conhece mais aquela região, próximo a cidade de Lavras do Sul, me convidou para irmos juntos num baile gaúcho nas redondezas daqueles de soltar poeira da bota e balançar as bombachas.
Como ele disse:
Júlio, vamos de lambreta, estou com preguiça de aprontar os cavalos.
- Tá bom amigo, então vamos pro entrevero dessa bailanta.
Nos embonitamos, até que por gasto a gente não é feio! Kkkk
Nos encharcados do perfume "amor gaúcho ", brilhantina nas melenas, e nos sovacos, um cheirinho de desodorante "Van Es".
Vestimos nossas pilchas, aparato adequado para um bailão gaúcho.
O bailão seria num salão, lá por perto, uns 4 km.
Nós já embonitados, loucos para irmos fuzarquear,perguntei:
-Paulinho, você dirigi bem essa lambreta?
- Deixa comigo, vai soltar poeira,na estrada,vamos embora.
Saímos , aquela lambreta,anos 70, lâmina o chão da estrada com aquele barulho estridente.
Minha bombacha que o Paulo me emprestara era larguita demais, e eu magricela, tisico .
E com a velocidade que íamos, a lambreta levantava polvadeira,os panos da minha bombacha preta, alcançava levada pelo vento, o rosto do Paulo.
Ele dizia :
Tira essa toalha do meu rosto Júlio!
- Não é toalha, é a minha bombacha!
Meu Deus do céu, ele também de bombacha preta pareciamos dois urubus, com nossas bombachas voando ao sabor do vento e tapando a lambreta.
Mas enfim, chegamos inteiro na casa de baile, minha bunda toda dolorida devido aos solavancos da estrada de chão batido.
Tinha muita china bonita, tinha de todo jeito, cada belo recavem que mexiam com o vivente, brilhando os zóios !
Estávamos loucos para sapatear no salão do baile,e sarandear a noite toda.
Fomos tomar um vinho no balcão do salão para dar um "up".
O vinho era da marca chapadão lá das bandas de Jaguari.
Bah! Tinha carreteiro, batata doce, bolinho de arroz, linguiça, farofa, rabo, rabo é bom!
E café preto bem bagual com murcilha, queixo de porco, chimia de todo o tipo,sagu, refrigerante grapete , crush ,miranda mortadela, queijo, um festival de comilança gaúcha e não podia faltar a cachaça boa!
Pegamos umas muié pra dançar!
E fomos pro meio do salão, O Paulo com uma o polaca e eu me agarrei numa neguinha , formosura total.
Lá pela duas da madrugada, tive um acidente, e o Paulo:
- Que foi Júlio, ta mancando?
- Não Paulo, soltou o solado da bota!kkk
O Paulo só tirava sarro.
Acho que estávamos "choco" e começamos a rir.
O Paulo disse :
-Não dá bola, amigo!
- Vamos dar um jeito!
O Paulo, viu um gaúcho que estava dormindo ,estatelado, com a cabeça sobre a mesa.
Não pensou duas vezes.
Olhou ali, aqui..lá, pra cá, viu o gaúcho que roncava, viu as boras parecidas das minhas , tirou , do pé do gaúcho, colocou a minha com o solado aberto no pé do vivente.
- Coloca a bota Júlio!
- Vamos aproveitar , a noite é pequena.
E o foi o que fizemos, a fuzarca foi grande.
Lá pelas 4 da manhã, serviram, linguiça, rabo, mandioca, um cuiudo feijão mexido e um café preto bagual de bom.
Após aquele suculento biscatizinho gastronômico para repor nossas energias, voltamos para dançar.
No meio do salão, lá pelas quase seis da manhã vi o dono da bota que estava mancando , pois usava a minha bota e eu a dele. ..kkkk, avisei, o Paulo.
O Paulo e eu ríamos muito.
Como estava já no fim do baile, o Paulo, falou com o dono do bar :
-Seu Juca, faça o favor estou com pressa entregue essa bota para aquele senhor daquela mesa. Mas só depois que eu sair e agradeça pelo empréstimo.
Tomamos uns gole de canha, tinha até um nome muito sugestivo, a cachaça : "Pinto duro".
Após, zarpamos para as casas, direto para a Meia Lua..íamos gargalhando da noitada que passamos.
Foi um baile bagual, bota retoço nisso.
A noite foi pequena.Ficamos de voltar no próximo baile.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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