É tempito que chega rasgando, correndo, uma sensação que quando o inverno chegar o frio já deu suas caras, mostrou suas garras a nos congelar.
Os primeiros afagos de frio em nossos corpos a gente sente, gelar até os nossos ossos. Mas nos acostumamos depois, pois é a hora do frio que está aos poquitos se aquerenceando na querência.
É como um carinho , um abraço, um cheiro que chega em nosso corpo.
Ás vezes ficamos nas nossas idéias: "porque esse carinho ..esse entrelaçamento não se tem , na hora que a gente tanto precisa".
Um abraço, um carinho faz tão bem, aquece, nos fortalece.
Mas o vento frio que atravessa as montanhas da Santa Maria da Boca do Monte faz esse carinho, e o gaúcho gosta, tá acostumado com as lambidas de frio em nosso corpo, e com essas lambidas carinhosas, acompanha o nosso chimarrão que nos aquieta, e também aquieta saudades...de tempos..de rostos..cheiros...retoços.
Dizem que o inverno esse tempo de frio marcado por temperaturas baixas, muitos dias fechados em que o sol aparece pouco, e quando aparece é a hora de lagartear saboreando gostosas bergamotas, são tristes o que eu não concordo, além de ser uma estação de ano, muito charmosa, aonde quem gosta de vestir bem, é um glamour.
É uma bela estação climática que começa em junho, 21, e aqui no coração do Rio Grande do Sul, o frio pega, mas aconchega.
É domingo, está frio e esse frio macanudo, gela a nossa alma, gela a gente, que por sobrevivência ´ procuramos uma agasalho, uma lareira, uma costela para aquecer num aconchego gostoso.
Penso , e isso sempre penso, pois quando estamos só, a gente fica com nossa alma triste, gelada.
Mas o velho chimarrão das horas, parceiro de sempre, nos acompanha nesse ritual gaúcho e como um vendaval chegam lembranças ao coração de boas, outras não tão boas, outras que dói que o tempo levou da gente, sem a gente perceber que ele ia levar e nos deixa inertes, sem chão.
Mas é o frio que está chegando que nos acaricia gelado, com o vento que bate em nossa cara.
É o carinho que gostaria que estivesse aqui, junto, acolherado para o corpo sentir calor.
Como é bom a gente espraiar o que temos de bom dentro da gente.
Sei, esse mundo nosso, de cada dia, está muito conflitado que muitas vezes não consigo entender.
Por isso que quando a gente sonha a gente divaga, viaja por lugares sonhados, momentos sonhados, e isso é natural, a gente sonha , divaga com a gente mesmo, pois, ninguém tira esse sonhar , esse desejo de querermos sim, termos aquele brilho nos olhos, o sorriso estampado no rosto.
Sabemos também que a realidade foge da gente, rouba da gente e nos leva muitas vezes para outras querências daquilo que queremos, ou tanto sonhamos, são em resumo nossas perdas e danos que fica de saldo, em nosso viver.
Como diz o poeta, é a vida, as coisas são assim, mas em contrapartida não temos o direito de deixarmos de sonhar nunca.
O vento canta seu canto, é frio , está gelado,tem vento forte, parece aquele vento siberiano das estepes russas que num lugarzinho em mim já vivi, vivenciei.
Agora tenho coisas a fazer, vou fugir dessas idéias, desses pensamentos, dessas lembranças que ficam na gente e aparecem , vem nos visitar, em momentos quase sempre quando estamos com os pensamentos dispersos.
Que o frio chegue mas que não maltrate os que não tem quase nada para se aquecerem, os que precisam serem aquecidos, de calor, alimentos, sonhos e esperanças.
Ainda acredito nos sonhos e nas esperanças , pois, sem elas a gente fica gelado, seco, inerte e aos poucos a vida nos leva sem a gente perceber.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
20/05/2018
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