quinta-feira, 31 de maio de 2018

O FRIO MACANUDO QUE CHEGA

É  manhã ,  o  sol  não  apareceu  nesse  domingo   frio, feio, carrancudo,  com o  vento   batendo  no  rosto  e  fazendo  as melenas   brancas  se  espalharem  como uma   bandeira  que  tremula   no  seu  mastro.
É  tempito   que  chega rasgando, correndo, uma  sensação  que quando  o  inverno  chegar  o  frio já  deu  suas  caras,  mostrou  suas  garras  a  nos  congelar.
Os primeiros  afagos   de  frio  em  nossos  corpos   a  gente sente, gelar  até   os nossos  ossos. Mas  nos acostumamos depois, pois é  a  hora do  frio  que  está  aos poquitos se aquerenceando   na  querência.
É   como um  carinho ,  um abraço, um  cheiro   que  chega  em  nosso  corpo.
Ás  vezes    ficamos nas  nossas   idéias: "porque   esse   carinho ..esse  entrelaçamento   não  se tem ,  na hora   que  a  gente   tanto precisa".
Um  abraço,  um  carinho  faz  tão  bem, aquece, nos  fortalece.
Mas o  vento frio que  atravessa  as  montanhas  da  Santa  Maria  da  Boca  do Monte  faz  esse  carinho, e o  gaúcho  gosta,  tá  acostumado  com  as lambidas  de frio  em  nosso  corpo, e  com  essas  lambidas  carinhosas, acompanha o  nosso  chimarrão  que  nos  aquieta, e  também aquieta  saudades...de  tempos..de  rostos..cheiros...retoços.
Dizem   que o  inverno  esse  tempo de frio   marcado  por  temperaturas  baixas,  muitos dias  fechados em  que o  sol   aparece pouco, e  quando  aparece é  a  hora de lagartear  saboreando  gostosas bergamotas,  são  tristes  o  que   eu  não  concordo,  além  de  ser uma  estação  de  ano,  muito charmosa, aonde quem  gosta  de  vestir  bem, é um  glamour.
É  uma bela  estação climática  que  começa  em  junho, 21, e  aqui  no  coração  do Rio  Grande do  Sul,  o  frio  pega, mas  aconchega.
É  domingo,  está  frio  e  esse  frio macanudo, gela  a nossa alma,  gela a  gente,  que por  sobrevivência ´ procuramos  uma agasalho,  uma lareira,  uma costela  para  aquecer num  aconchego  gostoso.
Penso , e isso  sempre  penso,  pois  quando  estamos  só,  a  gente   fica  com   nossa  alma triste,  gelada.
Mas  o  velho  chimarrão  das  horas, parceiro de  sempre,   nos  acompanha  nesse  ritual  gaúcho  e como  um  vendaval chegam  lembranças  ao  coração de  boas, outras não tão  boas, outras  que dói que o  tempo levou da  gente,  sem  a  gente   perceber  que ele  ia  levar e  nos deixa  inertes, sem  chão.
Mas  é o  frio   que  está  chegando   que  nos acaricia gelado, com o  vento que  bate em nossa cara.
É o  carinho que  gostaria   que  estivesse aqui,  junto,  acolherado  para o  corpo  sentir  calor.
Como  é  bom  a  gente  espraiar   o  que  temos  de bom    dentro  da gente.
Sei,  esse   mundo nosso,  de  cada  dia,   está   muito  conflitado  que muitas  vezes não  consigo entender.
Por isso   que   quando  a gente  sonha a  gente divaga,  viaja por lugares  sonhados, momentos sonhados, e  isso  é natural, a  gente  sonha ,  divaga  com  a gente mesmo,  pois,   ninguém   tira  esse  sonhar ,  esse  desejo  de querermos   sim,   termos  aquele  brilho nos olhos, o  sorriso  estampado  no rosto.
Sabemos  também  que a realidade foge  da  gente,  rouba  da gente e nos  leva  muitas  vezes   para outras  querências   daquilo  que  queremos,  ou  tanto  sonhamos,  são  em  resumo  nossas  perdas  e danos  que fica  de  saldo, em nosso  viver.
Como diz o  poeta,  é  a vida,  as coisas   são  assim, mas  em  contrapartida  não  temos  o  direito de deixarmos  de  sonhar  nunca.
O    vento  canta  seu  canto,  é  frio ,  está  gelado,tem  vento  forte, parece  aquele  vento siberiano das  estepes  russas   que num  lugarzinho em  mim  já vivi,  vivenciei.
Agora  tenho  coisas  a  fazer,  vou  fugir dessas  idéias,  desses  pensamentos,  dessas  lembranças   que ficam  na  gente   e  aparecem ,  vem  nos  visitar,  em momentos quase  sempre  quando  estamos  com os  pensamentos dispersos.
Que o  frio  chegue  mas  que  não  maltrate  os  que não   tem  quase nada  para  se  aquecerem,  os que precisam   serem   aquecidos, de calor,  alimentos,  sonhos  e  esperanças.
Ainda  acredito  nos  sonhos e  nas  esperanças , pois,  sem   elas a gente fica gelado, seco, inerte  e  aos poucos a vida   nos leva  sem  a  gente  perceber.


Pensem  nisso  enquanto eu  vos digo  até  amanhã.
20/05/2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário

REFORMA AGRÁRIA NA VENEZUELA

CÉSAR FONSECA: Repórter de política e economia e editor chefe do SITE , Sul Americana FONTE: 247 Maduro e Xi Jinping iniciam reforma ...