sábado, 5 de março de 2016

A OPERAÇÃO LULA - CONGONHAS

República de Congonhas

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula:
"O que mais me intrigou nessa operação cujo nome remete ao nazista Martin Heiddeger  (*) foi terem interrogado Lula na Polícia Federal do Aeroporto de Congonhas.
   Ninguém tinha sido levado para lá.
   Não era a sede da PF mais próxima à casa de Lula.
   Não era um local seguro, ao contrário, podia ser facilmente invadido.
   Minha primeira hipótese é que o plano original era, depois do interrogatório, embarcá-lo num voo para Curitiba.
   Com toda a segurança – justificativa que Moro deu para a condução coercitiva.
   E que o plano teria sido abortado quando Moro percebeu a reação popular dentro e fora do aeroporto a favor de Lula, a demonstrar que se ele não entregasse Lula ali em Congonhas mesmo de volta à liberdade as consequências seriam imprevisíveis.
   Data vênia, Moro não cometeu apenas o erro grosseiro da condução coercitiva, já criticada pelo ministro do STF, Marco Aurelio Melo, único do Supremo a pespegar um puxão de orelha no juiz federal de Curitiba.
   O erro que ele cometeu foi ter colocado tropas na rua para cercar locais e levar a depoimento pessoas totalmente inofensivas, barricadas na frente do Instituto Lula protegidas por homens em uniforme de campanha, exibindo metralhadoras.
   A Polícia Federal esperava encontrar resistência armada?
   Seria para passar às pessoas a ideia de que estavam caçando pessoas perigosas?
   Mas, espera lá. Há um artigo na constituição que diz explicitamente que ninguém pode ser considerado culpado sem sentença transitada em julgado.
   Como é que a própria Polícia Federal, autorizada por Moro, transforma em culpada uma pessoa que ainda não é?
   O erro dele foi instalar em algumas ruas de São Paulo um clima que a muitos lembrou 1964.
   O erro dele foi tomar o rumo oposto que uma investigação deve ter. O sigilo é fundamental.
   Por ter quebrado o sigilo o delegado Protógenes foi afastado da Polícia Federal e a Satiagraha foi anulada.
   Na Aletheia repórteres da Folha de S. Paulo chegaram ao prédio de Lula às cinco e meia da manhã, antes dos agentes da PF e contam isso abertamente no jornal. Como se fosse um furo.
   Isso é quebra de sigilo ou não é?
   O erro de Moro foi ter oferecido um espetáculo à imprensa com fins políticos perfeitamente definidos.
   Não sei se ainda tem alguma isenção para continuar nesse caso.
   Minha segunda hipótese para a escolha de Congonhas foi um recado.
   O recado é o seguinte: lembram-se da “República do Galeão”? Seu nome agora é “República de Congonhas”.
  
(*) A reflexão heideggeriana sobre o ser encontra-se no encalço da interpretação grega da verdade como Alétheia."
Pensem  nisso enquanto eu vos digo até amanhã.

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