Olho para o céu e nuvens negras partilhadas com rasgos de sol, fazem o cenário da natureza que meus olhos deslumbram.
Aqui e acolá , vem lembranças à galope..de saudades...de tudo um pouco.
Matear solito nos trás nostalgias, muitas vezes é triste não tendo uma companhia para nos acompanhar nesse ritual gaúcho que encarna a nossa tradição .
Eu sou um gaúcho teimoso, chato, ranzinha...dizem. Será ? Eu não sei, mas muitas vezes me passo a perguntar, será ?
Um outro gole sorvido da seiva verde gaúcha me acalma, me alivia nesses tempos vividos.
Lá atrás revivo sarandeios de chinas com seus vestidos coloridos, fandangos abrilhantados por gaitas choronas em companhias de pandeiros marcando vaneiras. E a china por companhia na dança tradicional gauchesca me leva para os sonhos sem porteiras, sem aramados, sem cercas, como um potro solto das patas em campos gaúchos.
Os segredos de quem mateia solito só o gaúcho sabe. Confesso que em dado momento há vontade de gritar , sair pela boca à fora para retumbar em coxilhas em campos distantes.
Eita chimarrão macanudo , garboso, topetudo, me leva para mundos , momentos que não vivi, mas hoje nesse matear solito, vem como pingos abençoados que bate na cara da santa chuva que teima em não vir.
E a cuia, a bomba tem a digital da china que ao tocar seus lábios marcam, delimitam , em sonho a sua presença.
Começa a ventar, é prenúncio de chuva, tempo feio, chuva para molhar a terra que o gaúcho do campo e cidade esperam.
Minha Julinha , se senta próximo a mim, me beija, e agora tenho companhia para chimarrear.Aquela companhia gostosa que nos faz bem, nos amansa, nos ameniza, em horas muitas dessas difícieis.
Olho para o seu rostinho e vejo nela que uma linda menina cresceu..está desabrochando..poxa..como o tempo passa depressa.
É sinal eu sei , minhas melenas brancas, confesso não as cuido, marcam e sinalizam , o trem que percorre, percorreu um bom pedaço da vida..
O chimarrão, na companhia de minha netinha não term preço é um encontro gostoso que faz sempre bem, nos revitaliza , nos energiza .
Cada sorvida, cada gole nesse chimarrear tenho a pretensão de pedir chuva.. ao nosso DEUS para molhar a terra calcinada pelo sol , o campo queimado por esses calores que parecem que vão até o osso da alma.
Então, a música novamente entra dentro de mim, num cantar ..AH,EU SOU GAÚCHO"!
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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