O STF não absolveu Aécio
alex solnik
121017
"A decisão de ontem dos 11 membros do STF, determinando que a última palavra acerca de afastamento de parlamentares cabe ao Parlamento, pelo placar apertado de 6 a 5, com voto de Minerva da presidente revelou haver, claramente, dois STF.
Metade dos ministros considera que a constituição está acima de tudo e é a garantia do regime democrático; outra metade entende que ela pode ser interpretada conforme as circunstâncias.
Metade dos ministros leva em conta o que foi escrito literalmente pelos constituintes de 1988, sem se importar com a qualidade das pessoas que vão colocar em prática a letra da lei.
Outra metade defende que em determinadas situações, como a atual, o Congresso não tem moral para tomar certas decisões, por isso o STF tem que puxar a sua orelha.
Metade dos ministros não questiona a quem vai favorecer ou desfavorecer o texto constitucional.
Outra metade parece dizer que é legal dar um jeitinho no texto constitucional para atender ao “clamor da sociedade” quando se trata de pessoas execráveis.
Metade dos ministros obedece à constituição.
Outra metade a questiona.
É muito estranho e assustador que as 11 pessoas que mais entendem de constituição no país e cuja missão é serem seus guardiões não concordem numa questão de “lana caprina”.
É muito estranho que metade do STF, integrada por alguns “mocinhos” se una para burlar a constituição em nome da moral ou do clamor popular e seja elogiada na mídia e nos bares.
E a outra metade – da qual fazem parte alguns “vilões” - que se recusa a burlar a constituição, seja alvo das maiores críticas.
O STF não absolveu Aécio, como tentam convencer algumas manchetes; mandou o Senado descascar esse abacaxi, tal como determina a carta magna.
A decisão de ontem não vai apagar a sua conversa promíscua com Joesley Batista; não vai deletar as gravações em que seu primo embarca as malas de dinheiro no carro; não vai lhe devolver a presidência do PSDB; não vai inocentá-lo nos inquéritos que correm contra ele no próprio STF; não vai melhorar a sua imagem.
O cadáver continua insepulto."
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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