Quando vemos cenas de mortes de inocentes que estão no seu trabalho digno, nos chocam, ou não? Quando temos aqui no Brasil, jovens negros mortos
em chacinas diárias, nos chocam ou não?
Vivemos numa sociedade cínica, o mundo que habitamos
é só pararmos para uma pequena reflexão rápida, é doentio e usa a máscara do cinismo.
Hoje, a França, chora a morte de 12 trabalhadores seus
pais de família, e outros em hospitais feridos mas quando ela, a França se alia a países para
jogarem bombas e matarem muitos inocentes, crianças inclusive, justificando suas injustificativas
atitudes, nos chocam ou não?
Quando nações respeitarem-se seus meios e modos de
vida, respeitando suas crenças, acredito ser um passo importante para uma paz duradoura que todos nós queremos no mundo.
Todo tipo de violência, tortura, seja por qualquer razão
é intolerável.
Uma reflexão consistente de Lelê Telles a qual eu repasso aos que me dão a satisfação de seus tempos:
JE NE SUIS PAS CHARLIE
LELÊ TELES
Ir contra o profeta Maomé era pedir briga, não com os muçulmanos, mas com os fanáticos. Dizer que o crime em França atentava contra a liberdade de expressão é de um lugar comum risível
Charlie Hebdo?, um provocador obcecado contra o islã, um jornal decadente que perdia leitores a cada ano.
O que ele pretendia com isso?
Hebdo sabia quem e o quê queria provocar com sua obstinada insistência.
Stéphane Charbonier, o Charb, o diretor do Habdo, era judeu. Isso parece não ter importância; claro, a ênfase é para o islã.
Como bem disse o Therry Meyssan, "o Charlie Hebdo s'était spécialisé dans des provocations anti-musulmanes et la plupart des musulmans de France en ont été directement ou indirectement victimes".
O fundamentalismo islâmico, é sempre bom lembrar, é um produto do imperialismo ocidental. Os Estados Unidos alimentaram sujeitos lunáticos, inescrupulosos e sedentos por poder para combater o grande satã, o comunismo.
Bin Laden nasceu daí, e disso todo mundo sabe.
Enquanto cresciam as milícias sanguinárias, protegidas por uma falsa camada religiosa, espancando estudantes, fuzilando professores laicos, colocando as mulheres "na linha", o ocidente aplaudia.
É lá, é com eles, é o efeito colateral. Melhor que termos os comunistas sentados sobre as maiores reservas de petróleo e gás do mundo.
É bom frisar que os fundamentalistas, recuso-me a chamá-los de islâmicos, não fabricam armas e que as nações "santinhas" estão a encher as burras com todo esse terror.
Lembram das terríveis imagens de Gaddaffi, assassinado brutalmente por sicários ensandecidos? Limparam a área pra turma da toca ninja.
Hebdo, desculpem-me a franqueza, mas era um inocente útil. Seu jornal, que tinha os maiores chargistas do mundo, não tinha leitor, porque sua leitura obstinada, fundamentalista, estava cansativa.
Ir contra o profeta Maomé era pedir briga, não com os muçulmanos, mas com os fanáticos.
Dizer que o crime em França atentava contra a liberdade de expressão é de um lugar comum risível.
O fundamento dos fundamentalistas é cercear a liberdade de expressão. E eles são contra a liberdade de expressão de todos aqueles que não pensam como eles, sobretudo muçulmanos.
Descobriram isso agora quando morreram não-muçulmanos?
Vi até o Laerte, o Laerte minha gente fina, falar agora em atentado contra a liberdade de expressão, como se essa liberdade fosse exclusiva de jornalistas. Ô, Laerte, se tu for lá no Afeganistão, tu corre um sério risco de virar churrasco, e não é por causa de tuas charges, hein.
Ao gritarem Allah Akbar! (Alá foi vingado), satisfizeram um desejo oculto de Charlie, que até vaticinara o atentado.
Agora as trapalhadas, obsessivas, do jornal satírico fará com que a Europa se volte contra os muçulmanos, coitados, gente que professa sua fé em paz e em harmonia.
Os franceses já estão nas ruas a falarem em Libertè, a mesma França que impediu as garotas muçulmanas de usar véu nas escolas, a mesma França que insiste em intervenções colonialistas na Françáfrica (Mali, Costa do Marfim e República Centroafricana).
Para os muçulmanos, as charges Charlie Hebdo são apenas ofensas reprováveis e desrespeito, como o foi Je Vous Salue Marie para os cristãos.
Mas Hebdo sabia que provocava a ira dos sicários e parecia gostar disso. Para os islamofóbicos aquilo era um prato cheio, mais cedo ou mais tarde, embora os muçulmanos convivessem com Hebdo, os fanáticos iriam agir, e o mundo faria crer que agiam em defesa de todos os muçulmanos. O que é uma fraude.
Doze franceses mortos? Sério que é isso que comove o mundo agora? Os extremistas matam pessoas a todo momento, matam sobretudo muçulmanos.
Essa histeria comovida me lembra o 11 de setembro. Não vi essa tristeza toda quando eles entraram no Mali abrindo fogo.
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