A BR- 158, foi o caminho mais curto para chegar a São Gabriel e seguimos os caminhos da
estrada, e cada metro de estrada que via pela janela do carro, visualizava o verde lindo dos campos,as coxilhas , as canhadas, os açudes, multidão de eucaliptos plantados nas margens da estrada, gado no campo, muitos cavalos, espalhados pelo campo gaúcho, extensas plantações de outras culturas,.
Eu me suavizei um pouco olhando o campo, serenei meu coração apertado de, vez em quando pegava a cuia para sorver o chimarrão companheiro, para também procurar me acalmar.
Eu não tinha vontade de falar, apenas, olhar, ficar quieto mas de vez em quando um primo me dizia algo, para interromper meus pensamentos, todos ali doidos com a circunstância que nos envolvia.
Ao adentrarmos o trevo da BR- 158, com a BR- 290 já estávamos em terras gabrielenses e minhas retinas , a cada momento cristalizava ali, muitos caminhos, viagens que ali passei, vivenciei.
Na realidade, meu mano me esperava mas esse encontro final aqui nesse plano, eu não queria, a gente nunca deseja desse modo.
Eram, 11:40 h quando chegamos em São Gabriel , primos, parentes, amigos, conhecidos, muitos estavam ali já , e confesso que muitos que estavam naquele local eu não tinha mais a lembrança , pois há muito tempo, não os via, e isso falei para muitos e até pedi desculpas, por minha lembrança falha.
Momentos em que abraços carinhosos recebi, como os familiares do Mano, Nesse momento é muito importante um abraço, nos fortalece, nos fortifica, penso que, pena , que é muitas vezes só em momentos complicados, como esse, que recebemos um abraço.
Falei com muitos e muitas pessoas , meu Mano, tinha um laço grande de amizades.
De alguns, senti falta, outros creio que nem ficaram sabendo de seu falecimento, outros por tantos motivos não puderam dar o seu adeus.
Meu amigo, Paulo Marques, me deu muita força, realmente um grande amigo que tenho em São Gabriel.
Meu Mano, estava sereno com suas feições, no esquife, ele descansou, parou de sofrer, estava pilchado com lenço gaúcho, sobre o corpo, a bandeira gaúcha, e no centro dela, o escudo do seu time o Internacional de Porto Alegre.
É um momento de despedida, e um momento de perda mas também para a gente refletir , sobre a morte e a vida, e o nosso papel nesse plano terrestre.
Todos nós teremos esse desfolhar da vida, um dia serei eu, quando não sei, pode ser até agora quando a caneta desliza triste sobre as folhas do rascunho que escrevo.
Pra mim, isso é minha simples e singela homenagem ao Mano véio.
O Mano, foi e sempre foi um homem bonito, era inquieto, queria as coisas pra ontem, não gostava de ficar esperando, reclamava muito, chegava a ser chatonildo, um chato mesmo,
Tinha um verbalização fluída, gostava de ler muito, ver filmes, de todo o tipo, tinha um filmoteca de dar inveja, gostava muito de música, gaúcha, samba, enfim, gostava de coisa boa. Muito inteligente, cativava ao seu estilo as pessoas, era direto, naquilo que pensava e dizia sem rodeios, não enrolava. Também , era muito desconfiado.
Nos tempos de jovem, na sua juventude, era muito namorador, poxa esse cara fez muito rebuliço com as gurias, ele e o seu primo MÁRCIO, namoradores de primeira, e tinham uma amizade muito grande, eram como irmãos, como sempre diziam um ao outro.
O Mano, era loiro, cabelos compridos quando jovem, usava calças boca de sino, gostava de se arrumar, ele era muito cuidadoso com sua aparência.
Levou muita guria pros seus pelegos como diz o gaúcho.
Ele tinha como já descrevi, inúmeros hobi, outro que gostava muito era de fazer vídeos, fez alguns pra mim, gostava de restaurar fotos antigas, curtia muito a internet.
Nos fins de semana , sempre tinha o churrasco, alguma coisa assada tinha para os amigos, uma boa música, e aquele papo, ele era muito festeiro, gostava de uma fuzarca.
Ah! não posso deixar de registrar que era apaixonado por samba e pagode, e Alcione, ele era simplesmente um apaixonado pela marrom, tinha todos os discos dela, e cds,, sabia tudo sobre a marrom.
Dizer que gaúcho não gosta de samba, é uma falsidade só, gaúcho gosta também de samba.
Ele e NINA, sua esposa se completavam aos seus jeitos, ela também gostava como ele de samba, festas, gostava da casa com os amigos deles.
Ele sempre foi um pai amoroso, brigava pelos filhos, fez tudo pelos seus filhos e o mais que podia, não fez mais porque o seu tempo se foi.
O Mano era carnavalesco, gostava de uma folia, e como gostava ! No começo das festas de carnaval, ele nos deixou, não poderemos mais ver ele tocar o seu pandeiro, com a sua alegria de sempre.
Participava, do bloco "alambique" do qual ele era um dos idealizadores.
Poucos sabem, mas ele foi um dos protagonistas em inserir o 20 de setembro, como feriado no Rio Grande do Sul, como o dia do gaúcho,
Uma das passagens que lembro, foi o primeiro Grenal que eu assisti, e foi em Porto Alegre, ele me levou, fomos de ônibus, ele com a bandeira do Internacional, e eu com a do Grêmio . E lá na capital gaúcha, fomos parar na casa da NELI, muito amiga dele, tia da NINA. No dia do jogo ele me disse: "olha o jogo é no Beira-Rio, então é melhor você não ir com a bandeira, teremos que ficarmos juntos para a gente não dispersar e se perder na multidão, lógico que não gostei da idéia mas acatei, ele até me disse ficaremos na torcida do Inter , e quando der um gol do Grêmio não vibra, pois pode dar confusão, poxa, isso era demais, mas ele era o Mano mais velho e acatei o pedido dele.
O jogo estava no finzinho, e o Internacional fez o seu gol, gol do Escurinho, poxa, fiquei triste no meio dos colorados mas sabia que outros Grenais eu viveria, e seria diferente.
Outro momento bacana, à noite na casa da Neli,foi quando ela disse: "vamos dar uma saída, levar o Julinho para conhecer um pouco a noite de Porto Alegre, vamos num samba e pagode, e me levaram, poxa, foi muito bom, era um bar, de música ao vivo e nessa noite, toca o grupo "os caras seis ", foi trilegal, gostei muito, e só saímos quando o sol espiou o dia.
Teria tanta coisa para falar, nessas lembranças, que soam com uma singela homenagem, ao Mano, mas fico emocionado, já doído, faz algumas horas de sua partida, sim fica um vazio grande dessa perda.
Já nos tempos mais para os dias de hoje, sim, também tivemos divergências, e não foram poucas, afinal, somos seres humanos igual a qualquer um, no campo político e no olhar para a vida.
Tivemos boas peleias , mas para mim ficaram apenas no campo de idéias, e na percepção das coisas.
Um dia ele me convidou para o FACEBOOK, o convite para estar na página dele, aceitei no dia e sai no outro,rsrsrs, acho que foi um recorde isso.
Lembro que fiz um contraponto sobre algumas postagens em sua linha de tempo, ele contumaz anti-PT,Lula,Dilma,era contra as políticas sociais do PT, para resumir o assunto.
Ele me mandou, um recado no bate-papo, dizendo que não desejaria que eu fizesse comentários na sua linha de tempo pois, só ele podia comentar,
Respondi, contrariado, mas respeitando sua visão, dizendo que os comentários que eu fazia, era como cidadão, era a visão de um outro cidadão, um contraponto diferente, me respondeu que não queria que eu comentasse.
Diante, dessa situação, respondi, que tudo bem, sairei do teu perfil, o mais importante é a amizade e nosso sentimento de sangue, não vamos brigar por essas visões diferentes de mundo, nada muda, continuaremos nos comunicando, ok?
Hoje, penso que o tempo passou, perdemos algumas oportunidades, mas isso faz parte de nossas vidas, disse e repito, tivemos muitas peleias, mas nunca eu esqueci do sangue que corria nas veias dele, e nas minhas.
Mano, você, teve uma peleia muito feia e digna com a doença, você foi valente, fizemos de tudo que estava ao alcance para vencermos juntos essa batalha, acredite, o melhor que os médicos puderam fazer, acredite, foi feito.
Agora, descansas, paraste de sofrer, foste para um outro plano espiritual, e com certeza, já estás a caminho do encontro com os nossos pai, CELY E GETÚLIO.
Obrigado, Mano, por tudo, e também lamentando que muito poderíamos fazermos juntos, mas não tivemos esse tempo, e acredite eu gostaria muito.
MANO, digo que, estarás, na minha saudade, e no meu respeito sempre.
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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