Triunfo do futebol europeu?
Torci pelo River contra o Barcelona.
Na Copa do Mundo, torci para a Argentina contra a Alemanha.
Sou latino-americano. Ouço Mercedes Sosa e ainda me emociono.
O que vi em campo na vitória do Barça contra os argentinos? O triunfo da técnica sul-americana: os dribles do argentino Messi, os passes do brasileiro Neymar e as conclusões do uruguaio Suarez. Em campo, 17 sul-americanos em 22 jogadores. Cinco coadjuvantes europeus. O futebol sul-americano conquistou mais um mundial para os europeus. Não foi uma vitória da tática europeia. Foi um triunfo da velha técnica da América do Sul.
Nada mais solitário do que o drible. Só há uma testemunha: o driblado. Dizer que futebol é coletivo não passa de uma simplificação. Afirmar que o futebol é mera individualidade brilha pelo exagero. Futebol é o coletivo transfigurado por individualidades extraordinárias. Os sul-americanos continuam a produzir os melhores jogadores. A Europa entra com o “melhor” dinheiro. Na globalização, as verdadeiras seleções são clubes europeus como Barcelona e Bayern de Munique. Seleções do mundo. O Barcelona é uma seleção do mundo, com base no Cone Sul, completada com alguns europeus. A América do Sul continua a ter seus metais preciosos levados para a Europa. Não passa de um exportador de commodities. O mais perverso é um campeonato mundial de clubes no qual times sul-americanos depauperados pelos europeus enfrentam seleções mundiais, como o Barça, com distintivos de um clube.
Aí se diz: vitória dos europeus.
Os famosos 7 a 1 aplicados pela Alemanha no Brasil servem para confirmar uma tese pré-existente: os europeus são mais organizados e mais inventivos taticamente. Esse raciocínio apoia-se no esquecimento de que a Argentina, tão ou mais esculhambada do que o Brasil, perdeu para a Alemanha, na final da Copa do Mundo do ano passado, por detalhe. Poderia ter vencido. Messi errou o que quase sempre acerta. O Brasil que ganhou em 1994, foi à final de 1998 e venceu em 2002 era o Brasil da CBF de Ricardo Teixeira, tão (des)organizado quanto o que pagou mico em 2014. Sim, organização conta bastante. Mas o que conta mesmo é ter dinheiro para reunir os melhores jogadores do mundo ou possuir, no caso de uma seleção nacional, uma boa safra de jogadores. Quem mais errou contra Alemanha foi o gaúcho Felipão. Escalou mal o time. De resto, um gol chamou o outro e o resultado foi atípico.
Os teóricos da superioridade europeia não gostam que se fale na atipicidade desse jogo. Querem ver nesse placar a prova das suas teorias. A globalização está acabando com a competividade no futebol. O que se pode fazer contra seleções mundiais? Qual time pode bater os melhores do mundo reunidos? O modelo do campeonato gaúcho, radicalizado, vai dominar o mundo. Na Alemanha, um clube só ganha tudo. Na Espanha, dois clubes mandam e um terceiro tenta alguma coisa e, uma vez na vida, consegue. No Brasil, a Globo vai implantar o modelo espanhol com Corinthians e Flamengo dominando tudo. É questão de tempo. O futebol virou uma imensa Fórmula 1. Todo ano, a máquina mais poderosa faz 70% das poles, ganha a maior parte das corridas e leva o título. A China, novo rico do mundo, poderá vir a ter o melhor futebol. Basta que compre os melhores. Inclusive os técnicos.
Messi, Neymar e Suarez podem ter aprendido tática na Europa e obtido condicionamento físico ideal. Ensinam, porém, o essencial: o talento inato. Queria ver Guardiola ou qualquer outro fazer o melhor time do mundo sem direito a contratar sul-americanos ou, melhor ainda, só com jogadores de um único país. Velho romantismo nacionalista. Futebol é negócio. Nessa lógica, o exportador de matéria prima deve ser espancado pelo importador e ainda reverenciá-lo. Sim, continuaremos colônia. Nosso destino é vender o que temos de melhor para os Europeus e perdermos para eles graças aos nossos. Só tem um jeito: criar outra competição: nascidos na América do Sul contra nascidos na Europa. Talvez tenhamos alguma chance. Mínima. Afinal, europeus sempre dão um jeito de triunfar. Se não pode fazê-lo com as próprias forças, compram todos os seus adversários e usam-nos para esmagar seus oponentes.
"" Ainda precisammos sim sermos organizados em muitos planos de nossas vida, temos a matéria prima fundamental, quando falamos de futebol, nossos melhores
jogadores vão para o exterior, fazer fortuna, voltarem ricos e depois no ocaso de suas brilhantes carreiras, já ricos e sem aquela tesão pro futebol, vem para o Brasil
jogar mais um pouquinho para ficarem de bem com a galera.
Penso que os jogadores são os artistas principais do teatro do futebol e temos que aprender aqui no Brasil e na América Latina que futebol não se faz só com
talentos, precisa de um projeto, organização, e muita realidade, tem que ser sim
muito profissional.
Juremir Machado colocou esse assunto com sua maestria da letras e tocou sim no
ponto fundamental, os nossos jogadores fazem a diferença, são os melhores do
mundo, aqui falta apenas o dimdim."
Pensem nisso enquanto eu vos digo até amanhã.
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